6 de setembro de 2008

O futebol do Velho Continente...

Já fui, mais do que agora, um consumidor inveterado de futebol. À tonelada. Resumos, jogos de ligas longínquas, numa espécie de Luís Freitas Lobo de pacotilha…

Agora, com o tempo a escassear, nem sempre consigo acompanhar aquele que muitos apelidam de Desporto-Rei, com a frequência desejada. Existem, porém, excepções…

Desde logo, a Superliga tuga, por motivos óbvios. Depois, uma paixão de adolescência, que não tem parado de crescer. A Premiere League inglesa, transformada cada vez mais num espectáculo mediático de altíssimo nível, numa constelação de estrelas sem rival a nível Mundial. Admirador confesso dos jogos realizados por terras de Sua Majestade, desde o estereotipado “kick & rush” até aos dias de hoje, sigo fervorosamente as incidências futebolísticas, jornada após jornada…

E esta nova rubrica, criada agora na paragem da liga portuguesa, será apenas isso. Um desfiar de acontecimentos de fim-de-semana, focando atenções em terras britânicas, mas não esquecendo os nuestros hermanos e, claro está, Itália e esse Inter de Mourinho.

Num apanhado do que tem acontecido, até agora, realço os seguintes pontos:

Espanha – Início francamente negativo de Guardiola à frente do Barcelona. Aposta de risco da Direcção dos catalães, colocando um neófito a dirigir um clube que não vence desde 2006, o Barcelona viu partir Deco e Ronaldinho, proscritos nas ramblas, mas reforçando-se na defesa e meio-campo, com as entradas de Daniel Alves, defesa-direito ex-Sevilha, com Piqué, central de enorme futuro vindo do Manchester United e Cáceres, argentino contratado ao surpreendente Villarreal. Os críticos apontam-lhe o dedo à falta de soluções ofensivas. Depois da novela Etoo, com Henry longe dos tempos áureos de Londres, apenas Messi pode assumir o papel de salvador da pátria. Bastará?

O campeão em título, depois da épica vitória na Supertaça frente ao Valência, entrou com o pé esquerdo, derrotado na Corunha. Schuster, desavindo com os quadros madridistas após o affaire com Ronaldo, viu entrar o médio Van Der Vaart, como único reforço. A partida de Robinho, de candeias às avessas com o clube, não foi colmatada. Continua um grupo sólido, experiente e com enorme qualidade. Favoritos, claro!

Na capital, com uma massa adepta fervorosa e de enorme fidelidade, mora ainda o Atlético de Madrid. Líder, para já, do campeonato, mercê da goleada aplicada ao Osasuna, vive em estado de graça, com o apuramento desejado para a Champions. Com nova dupla de centrais, o checo Ufjalusi e Heitinga, vindo da Holanda, tem mostrado uma enorme consistência defensiva, a que não será alheio o trabalho de sapa de Paulo Assunção, fugido da Invicta com a lei Webber a servir de escudo. Possuindo uma explosiva dupla de avançados, Aguero e Forlan, com Simão e Maxi Rodriguez nos flancos, pode aspirar a uma época idêntica à anterior. Rezam os especialistas que a falta de um pensador na zona nevrálgica do terreno provoca um futebol algo linear, pouco pensado. Maniche pode adquirir aqui um papel vital, rejuvenescido com a confiança do actual seleccionador nacional e merecendo novo voto de confiança de Aguirre.

Itália – A primeira jornada, aguardada com enorme expectativa, provocou um sabor intenso a frustração. A estreia do Special One, na competitiva liga italiana, não correspondeu ao esperado. Depois da vitória suada frente à Roma, na Supertaça, a deslocação a Génova, para defrontar a Sampdoria, adquiria contornos de jogo grande. O empate final penaliza, segundo a exigente imprensa transalpina, o futebol defensivo e eminentemente táctico de Mourinho. Se as coisas não correram bem ao treinador português, o que dizer da outra equipa de Milão? Derrotada em casa, pelo modesto Bolonha, a equipa de Ancelotti insiste em defraudar sistematicamente os sonhos dos seus adeptos. Com o apelidado meio-campo de luxo, de sotaque brasileiro a cargo de Kaka e Ronaldinho, mostrou as lacunas de sempre. Defesa a roçar a mediania, um técnico sem ideias que sobrevive, ano após ano, apenas pelo beneplácito de Berlusconi, o Milão terá um duro teste pela frente.

No lote de candidatos, destaque para o empate caseiro da Roma, perante o adversário do Benfica, o Nápoles, capaz de empatar a uma bola mesmo reduzido a 10 elementos, e o embate de titãs em Florença, entre a equipa da casa, considerada por muitos como um outsider na luta pelo título, e a Juventus. Em Florença, com Mutu acompanhado por Gilardino e com jovens promessas como Pazzini, Montolivo, Kuzmanovic e Gamberini a acompanharem o veterano Frey, o tempo é de sonhos, a que nem o empate com a vechia signora retira espaço de manobra.

Inglaterra – O Chelsea, agora sobre a liderança do intragável Scolari, entrou a todo o gás, comandado por esse soberbo jogador, naturalizado português, de nome Deco. Mostrando predicados que os colocam como favoritos ao título máximo, os azuis londrinos empataram na 3ª jornada, num derby da capital, frente ao Tottenham. Nada que assuste uma equipa que apresenta um meio-campo com Deco, Ballack, Lampard, Essien e Joe Cole, uma defesa com Ricardo Carvalho, John Terry, Bosingwa e Ashley Cole e um ataque onde pontificam Drogba e Anelka. As sucessivas sacadas de dinheiro do russo que preside aos destinos do Chelsea ajudaram, e de que maneira, a transformar o clube de um bairro rico num colosso mundial, temível. Ainda em Londres, Wenger vai fazendo pela vida, invejando certamente o poderio económico dos vizinhos. Perdendo Hleb para o Barcelona, contratando uma jovem promessa gaulesa, Nasri, continua a contar com o elemento surpresa, ancorado no enorme talento de Fabregas, mas claramente uns furos abaixo do favoritismo de Chelsea e Manchester United.

Estes, sem Ronaldo, perderam a Supertaça Europeia para um Zenit surpreendente, encontrando dificuldades acrescidas na Premiere League. No último dia de mercado aberto, a prenda veio para Ferguson: Berbatov, resgatado ao Tottenham, para fazer companhia na frente de ataque a Rooney e Tevez. Quem disse que o dinheiro não traz felicidade?

No grupo dos favoritos, o Liverpool com a chancela de Benitez. Exímio estratega, o espanhol tem encontrado dificuldades inesperadas para levar os reds ao título nacional. Equipa talhada e vocacionada para as competições a eliminar, prima pela irregularidade no campeonato, adiando o sonho da conquista do título. Com Fernando Torres como cabeça de cartaz, contando com a companhia de Robbie Keane na frente, e com o estreante Dossena, defesa-esquerdo, no sector recuado, o Liverpool é ainda uma equipa em construção. Alguns auguram-lhe altos vôos. Outros, mais realistas, apontam o dedo a uma defesa jovem, com a dupla de centrais formada por Skrtel e Agger ainda demasiado verde, sendo uma tarefa hercúlea a luta pelo título que lhes foge à duas décadas. Mas, se não fosse assim, qual a piada de vencer?

4 comentários:

dragao vila pouca disse...

Qual L.Freitas Lobo qual carapuça, o P.P. é que é!
Excelente resumo das principais
Ligas europeias. Espero que continues, pois poupas-me o trabalho de andar a saltar, de um lado para outro, em busca de notícias sobre essas Ligas.
Um abraço

Anónimo disse...

F.C. Porto: Parecer contraria Freitas
Defesa de Pinto da Costa entregou no Tribunal opinião contrária à que legitimoucastigos do Conselho de Justiça


A defesa de Pinto da Costa entregou no Tribunal Administrativo um parecer que contraria o documento que serviu de âncora à Federação para validar as decisões da reunião de 4 de Julho do Conselho de Justiça.

Em 2002, Mário Aroso de Almeida assinou, em parceria com Freitas do Amaral, o livro "Grandes Linhas da Reforma do Contencioso Administrativo". Percorridas as 30 páginas do parecer sobre os acontecimentos da polémica reunião do CJ, que ratificou a despromoção do Boavista e a aplicação de suspensão de dois anos a Pinto da Costa, não restam dúvidas de que este professor da Faculdade de Direito da Universidade Católica não subscreve a mais recente publicação do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros - "A Crise no Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol".

"Ora, em nossa opinião, a partir das 17.55 horas, o CJ deixou de estar reunido, pois que o respectivo presidente, no regular exercício dos seus poderes, encerrou a reunião". Esta é uma das mais importantes conclusões do parecer elaborado por Aroso de Almeida. O documento, com data de 31 de Julho, foi solicitado pela defesa do presidente portista e anexado ao procedimento administrativo especial que Pinto da Costa interpôs no Tribunal Administrativo de Lisboa.

Ao contrário de Freitas do Amaral, Aroso de Almeida, reputado especialista em Direito Administrativo, entende que estavam criadas condições para, ao abrigo do artigo 14.º, nº. 3 do Código do Processo Administrativo, Gonçalves Pereira encerrar os trabalhos, classificando a decisão como "inteiramente coerente", na sequência de "um movimento de rebelião em relação ao presidente".

A reunião do CJ, recorde-se, aqueceu quando Gonçalves Pereira declarou o conselheiro João Carrajola de Abreu impedido de votar nos recursos interpostos pelo Boavista e por Pinto da Costa. Na análise a esta acção do então líder do CJ, Aroso de Almeida considera não existir exorbitação, embora admita que a decisão "parece enfermar de um vício de falta de pressupostos". Este é, aliás, o único reparo que o parecer aponta ao procedimento de Gonçalves Pereira. De qualquer forma, acrescenta que a decisão em causa "só era passível de impugnação junto dos tribunais administrativos".

O processo disciplinar instaurado pelos conselheiros ao presidente do CJ também é considerado irregular, desde logo porque "tal matéria não constava, na verdade, da ordem de trabalhos da reunião".

Não restam dúvidas de que, segundo Mário Aroso de Almeida, a reunião em que foram votados os recursos de Pinto da Costa e do Boavista não tem qualquer validade e leva com carimbo de "inexistente": "... os membros do CJ deveriam ter feito na sequência da referida reunião era promover a convocação de uma nova reunião extraordinária (...), em ordem a tentar obter aprovação das deliberações, que, apressadamente, pretenderam adoptar, ainda no próprio dia 4 de Julho de 2008".

Para além de reprovar a acção dos membros do CJ que deram andamento à reunião, em contraste com a aprovação de Freitas do Amaral, Aroso de Almeida, que também é consultor do Gabinete de Política Legislativa e Planeamento do Ministério da Justiça, esclarece que o "vício de desvio de poder", atribuído a Gonçalves Pereira pelos conselheiros que continuaram a reunião, "carece de prova". Desta forma, o parecer desmonta toda a argumentação dos conselheiros, tornando-se mais uma arma importante na defesa de Pinto da Costa junto do Tribunal Administrativo.

In "JN"

Bruno Pinto disse...

Olá Paulo,

Aplaudo fervorosamente esta tua nova rubrica, é uma excelente ideia! Para já, é isto. Virei aqui mais tarde, com tempo, para ler com atenção e comentar a preceito.

Abraço.

Sérgio de Oliveira disse...

eh pá ...
Estás um "expert" na matéria !





Abraço