3 de outubro de 2007

O "mãos-de-ferro"

Faleceu esta semana um dos nomes míticos do Porto. Guarda-redes de amplos recursos, marcou uma época na história do futebol, em Portugal. Aqui fica o tributo.

Frederico Barrigana

Possuía uma aura só comparável, nos dias de hoje, à veneração sentida por Vitor Baía. O "mãos de ferro", como ficou conhecido, nasceu em Alcochete, tendo iniciado a carreira profissional no Montijo e passado, depois, pelo Sporting. Foi no entanto no Porto que as suas qualidades foram depuradas. Contrastava na baliza, fazendo da irreverência um contraponto à sobriedade que então distinguia os demais guarda-redes da altura. Fazia questão de se engalanar, como se fosse para um baile, cabelo penteado de brilhantina, à...artista de Hollywood.

Orgulhoso, proclamava que "elas dizem que pareço um manequim". O nosso "pinga-amor" jogou, de azul e branco vestido, doze épocas, nunca tendo conseguido, no entando, o título de campeão nacional. Apesar disso, as suas fantásticas exibições, onde aliava a espectacularidade a um estilo felino e elástico, valeram-lhe, para além de inúmeros elogios, a guarda das redes da Selecção das Quinas.Também aqui, apesar da qualidade demonstrada, o período que passou na Selecção de todos nós não foi particularmente feliz, a nível de resultados. Ironicamente, Barrigana sai do Porto, dispensado por Yustrich, precisamente na época em que se acabou um jejum de 16 anos, em 1956.

Dele se conta também que era homem de enorme coragem e sangue frio, capaz de enfrentar perigos com um sorriso no rosto. Num célebre jogo na Tapadinha, entre o Atlético e o Porto, que os Dragões venceram por 2-0, os ódios revoltearam à volta do recinto do jogo. Uma turba em fúria, espumando fel e lançando remoques, dificilmente sustida pela polícia, que limitava o perímetro, para os portistas chegarem em segurança ao autocarro. Temerosos, os jogadores do Porto não se atreviam a sair do estádio, temendo pela integridade física, com os apupos e insultos a avolumarem-se. Até que, como se passeasse em família, um vulto enorme cruzou os portões. Impávido, caminhando lentamente, de cigarro no canto da boca, um trejeito gozão a deformar-lhe os lábios, Barrigana deu o "peito às balas", mostrando a verdadeira raça de um portista. Todos chegaram incólumes, mas aquela atitude, de desafio, calou bem alto no coração de todos os que a presenciaram. Era assim Barrigana...

ps: publicado originalmente no Bibó Porto, em 27 de Setembro.

6 comentários:

Anónimo disse...

Caros Portistas,

Todos devem ter conhecimento do "Porto Canal" ,que acaba de fazer um ano de existência.
Para quem não sabe ou anda desatento à frente deste canal está um benfiquista e anti-Portista de seu nome bruno carvalho.
Este "Porto Canal" comandado por este senhor não perdeu tempo a maltratar o Futebol Clube do Porto. Já foram vistas cenas dignas dos mais reles azíagos meios de comunicação social de lisboa!
Ao que parece,como não podia deixar de ser, o Futebol Clube do Porto terá já cortado toda e qualquer relação com este "Porto Canal" comandado por Infiéis!

Jamais poderemos assistir a esta vergonha impávidos e serenos!
Jamais poderemos deixar-nos maltratar desta maneira!
Jamais poderemos ter um "Porto Canal" que mais não é do que um slb canal escamuteado!


PORTISTAS, REAJAM!

Anónimo disse...

Quanto ao grande Barrigana, descanse em paz e, apesar de nunca o ter visto, tenho que dizer que partiu um dos nossos por isso fico mais triste.

Anónimo disse...

Gostaria de homenagear Barrigana, que eu honestamente nunca vi jogar pelo Porto, era miúdo quando ele acabou a carreira no Clube, mas ouvia falar muito dele, das suas qualidades -impunha respeito pela sua envergadura- e vi-o posteriormente actuar em Torneios de Veteranos -As Árvores Morrem de Pé- e se não estou em erro, no próprio SCSalgueiros. Recordo-me de ter conhecimento que mais tarde, foi treinador de alguns dos Clubes da área da cidade do Porto. Era uma figura desportiva mítica, muito considerada por todos e que enchia o nosso imaginário. Acabou a sua "carreira" de forma definitiva!
O meu profundo lamento, acho que a morte -como erro terrível de Deus- não deveria existir!...
-Espero agora, que ele seja devidamente considerado dentro do Clube e ocupe numa galeria de notáveis, o lugar de destaque que realmente merece. Morreu Barrigana...Pois que viva Barrigana! E que viva sempre no "nosso" Futebol Clube do Porto!

Anónimo disse...

Paz à sua alma! Nunca o vi jogar, mas conheço a lenda. Nome incontornável, uma daquelas figuras que cai no goto da massa associativa. Uma pena que não possa assistir ao TRI, mas de certeza que lá em cima ele continuará a seguir as incidência da sua equipa de sempre.

Abraço,

Anónimo disse...

Grande Barrigana! Tantas vezes te vi defender,saltando às bolas com a perna direita dobrada,para te defenderes dos atacantes,mão ao alto para agarrar as ditas bolas com as tuas mãos de ferro! A coragem e valentia com que enfrentavas os adversários lançando-te aos seus pés sem qualquer espécie de medo,mesmo quando os campos eram pelados!Restam-nos a saúdade ,e a tristeza de não te vermos terminar a tua carreira no nosso Porto!DESCANSA EM PAZ!

Anónimo disse...

Nunca o vi jogar mas contaram-me muitas das proezas do "Mãos de Ferro". Além disso, era dos poucos que não se atemorizava com as viagens a casa dos alfacinhas, no tempo em que as perseguições não se contavam nos jornais. Até sempre BARRIGANA!