5 de novembro de 2008

YES, WE CAN!*

Como experiência, não deixa de ser salutar. Três derrotas depois, e a comemoração de uma vitória, sobretudo obtida em tons dramáticos, faz-nos regredir no tempo. Para eras há muito esquecidas. Tempos de míngua. Com triunfos obtidos de quando em vez...

Hoje, quando Lucho introduziu a bola na baliza ucraniana, dando a vitória ao Porto, dei por mim a comemorar demasiado efusivamente, atendendo ao horário nocturno e aos rebentos a dormirem em quartos contíguos. A ânsia por uma vitória. O desejo patente de sermos felizes outra vez.

Serviu, sobretudo, para extravasar a frustração crescente, conferindo algum ânimo a uma equipa à beira do naufrágio.

Não foi um jogo bilhante, por parte dos pupilos de Jesualdo. Longe disso. Doses extras de atitude, crença, capacidade de luta, mas com as limitações que ameaçam tornar-se naturais...

E com a habitual dose cavalar de malapata. Pela enésima vez, nova bola ao poste, numa altura crucial, com o marcador a teimosamente mostrar o 0-0. E, como num qualquer filme de ficção, aquela sensação de déja-vu. Meireles tinha acabado de rematar ao poste. A resposta do Dínamo foi contundente. Golo. Balde de água gelada.

Faço aqui um fast-forward. Para o golo de Rolando. De raiva. Carimbando o grito de revolta de um plantel causticado por críticas avulsas e dedos acusatórios. E, naquele momento, poderá estar a chave para o êxito de toda a temporada. Ali, na cabeçada vitoriosa do jovem central portista.

É fácil agora afirmar isto, mas senti que venceríamos. Premonição ou mera fé de pacotilha, a verdade é que senti-me imbuído de uma crença forte. Os Deuses da Fortuna, tão cruéis ultimamente, fizeram o seu mea-culpa. E redimiram-se...

Nos loucos momentos finais, o Porto esteve à beira do KO. Que, confesso, nos deixaria prostrados num estado de profunda depressão. O futebol, mesmo que visionado por anos a fio, nunca deixa de surpreender. Uma autêntica montanha russa de emoções. Com altos e baixos. Euforia intimamente ligada à depressão.

Bola no poste da baliza de Helton. Coração sobressaltado. Unhas roídas. E depois, a esperança. Aquela cavalgada triunfal de Lisandro. O corpo que se ergue no sofá, esperançoso. O grito que se quer soltar, como possuidor de vida própria. O cruzamento. E o momento mais sublime, sonhado por todos os adeptos portistas, nos últimos dias...

O remate de Lucho a anichar-se, suavemente, mantendo a chama do Dragão a tremeluzir. Estamos vivos. E isso é que interessa.

* com a devida vénia ao seu criador, Barack Obama!

6 comentários:

David Nogueira disse...

Caro Paulo,

Como eu te compreendo... Não sei se concordarás mas julgo que hoje assistimos ao "golo do ano", um golo que, antes de mais, nos devolveu a capacidade de ganhar e de acreditar, que nos mostrou um Raul Meireles a chorar de alegria, um "Comandante" incapaz de controlar as suas emoções, um abraço sentido de todos aqueles (que como nós) sentem o que é ser dragão.. no fundo o grito de revolta e de afirmação de uma equipa cujo orgulho parecia ferido de morte!

Já merecíamos esta alegria, foram longas semanas a ouvir/ler os comentários, as risadas cúmplices, o regozijo de uma (como tão bem apelidas) CORJA, que dia após dia alimenta o seu ódio (e também ego) com as nossas derrotas! Mas mesmo jogando mal, acredito (agora) que é possível retomar o bom caminho e alcançar as vitórias por nós desejadas!

No entanto há muito a melhorar, há jogadores que actualmente não podem jogar na nossa equipa. Sapunaru, Benitez, Lino... Só os casos mais evidentes. Julgo que poderíamos ganhar consistência defensiva (que tanto nos tem faltado) com Fernando (ou Tomás Costa) a defesa direito, Fucile a defesa esquerdo (enquanto não se contrata um com capacidade para jogar) e Pelé como médio defensivo. Que te (vos) parece?

Um abraço deste assíduo leitor do blog

David Nogueira

dragao vila pouca disse...

O Dragão recuperou a chama!
Ontem, na hora da verdade, soube honrar o passado portista, que é feito de equipas com alma, raça e vontade de vencer.
Que se transcende nas horas difíceis. Mas mostrou também, que esta equipa não é tão fraca como a querem fazer parecer.
Já o disse, mas vou-me repetir: não temos um plantel de estrelas, mas quem ganha na Ucrânia - o Dínamo ainda não tinha perdido em casa esta época e por lá já passaram grandes equipas - empata, mas merecia ganhar na Luz e ganha em Alvalade, tem obrigatoriamente de não perder com o Leixões e a Naval.
Continuo a pensar que está na liderança da equipa, o verdadeiro problema e o jogo de ontem, ou melhor a parte final do jogo, com a entrada do Pélé, o recuo do Fernando para lateral-direito, que existem soluções que permitem melhorar o rendimento da equipa.
Um abraço

Anónimo disse...

Acima de tudo foi uma vitória mais que merecida, vai dar alento para o WC21...
Quanto ao assunto da frase a mim parece, e quero muito estar enganado, que aquilo não passa de pastor da iurd (falar é muito fácil)...
Amorim

Serafim Faria disse...

Estou consigo: "YES, WE CAN!", mesmo "roubando" este feliz slogan do novo "dono" da Casa Branca, que para além de ser um hino de revolta naquilo que ele de mais forte pode representar, é também um símbolo de esperança.
Como diz e passasndo isto para o adágio popular, no futebol passa-se do oito para o oitenta e vice-versa, no espaço mísero do entrondo de uma bola no poste e no remate certeiro uns segundos depois... e tudo se alivia.
O nosso FCP não está tão bem como todos nós gostaríamos e a cansada frase de que a sorte procura-se, nem sempre pode ser levada literalmente, porque há dias em que "não se pode sair de casa"... e no ser humano a mente é o que comanda e se ela não for convenientemente "lubrificada" com ânimo, crença, apoio, etc. nem sempre se consegue chegar aos objectivos.
Que esta fase má por que passamos, sirva de lição a todos para se consolidar a forte união que une o Dragão (pesem , embora, as diatribes que aqui, por ora, não quero referir dos Administradores da SAD...).

Anónimo disse...

Apito: penalistas contra uso de escutas em processos disciplinares
[ 2008/11/06 | 17:01 ]

Os professores de Direito Penal Costa Andrade e Germano Marques da Silva reiteraram esta quinta-feira que nem a lei nem a Constituição da República Portuguesa permitem que as escutas telefónicas obtidas em processo-crime possam ser utilizadas em processos disciplinares, a propósito do acórdão do Supremo Tribunal Administrativo que entendeu ser «ilegal» a utilização daquelas gravações no processo disciplinar instaurado pela Liga contra João Bartolomeu, presidente da União de Leiria, e que provinham de um outro processo em que o dirigente era arguido.

«A lei é claríssima nessa matéria, ou seja, as escutas só podem ser utilizadas em processo penal», afirmou Germano Marques da Silva, autor de um parecer sobre este assunto num dos processos-crime do presidente do F.C. Porto, Pinto da Costa.

O penalista lembrou, ainda, que se as escutas não podem ser aplicadas a processos-crime com moldura penal inferior a três anos não faria sentido que pudessem ser utilizadas num processo disciplinar, cuja gravidade não é comparável. Idêntica posição tem Costa Andrade, que acrescentou: «Num Estado de Direito as pessoas continuam a ser pessoas quando comunicam por telefone.»
"MAISFUTEBOL"

Sérgio de Oliveira disse...

É isso , Paulo !


..."Estamos vivos " !


...e gritei golo (com todas as forças que tinha)lá no alto da Serra da Estrela .
Mesmo lá em cima !


Abraço