22 de setembro de 2008

E tudo a intempérie levou...



21 de Setembro de 2008
Liga Sagres 2008/2009
Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde

árbitros: Pedro Proença (AF Lisboa), Tiago Trigo e André Campos; Vasco Santos.

Rio Ave: Paiva; Miguel Lopes, Gaspar, Bruno Mendes e Sílvio; André Vilas Boas, Niquinha «cap.», Livramento e Delson; Chidi e Evandro
Substituições: Livramento por Tarantini (65m), Chidi por Semedo (70m) e Niquinha por André Carvalhas (92m)
Não utilizados: Mora; Jorge Humberto, Wires e Ronaldo
Treinador: João Eusébio

F.C. Porto: Helton; Sapunaru, Rolando, Bruno Alves e Fucile; Fernando, Lucho «cap.» e Raul Meireles; Mariano, Lisandro e Rodríguez
Substituições: Mariano por Hulk (60m), Fucile por Lino (60m) e Raul Meireles por Candeias (78m)
Não utilizados: Nuno; Pedro Emanuel, Farías e Tomás Costa
Treinador: Jesualdo Ferreira

Disciplina: cartão amarelo para Rolando (21m), Fucile (23m), Livramento (29m), Lucho (47m), Hulk (81m) Rodríguez (90m).

Golos: ---.

Estamos de regresso às competições internas, depois da sabática paragem para ver jogar a Selecção e que serviu de ressuscitamento dos críticos de Queiroz, espécie de guarda pretoriana deixada por Scolari para defender o seu legado…

Esquecidas já as emoções europeias, ao Porto cabia realizar nova deslocação, depois de na pretérita jornada se ter deslocado a paragens sulistas. A viagem, desta feita, bem mais curta, em direcção à terra que serve de residência a um dos indefectíveis defensores portistas deste blog, Lucho himself, juntando a sua garganta a milhares de outras, num apoio nunca regateado à paixão azul e branca. Os pupilos de Jesualdo sabiam de antemão que não iriam ter vida fácil. Apesar de primodivisionário, o Rio Ave tem currículo na primeira Liga, tendo recebido um balão de motivação com o empate na ronda inaugural, frente aos comandados de Quique Flores…

Afastada a questão lateral que marcou aparentemente a agenda azul e branca, durante a semana, com os assobios dos “profissionais” do costume a ganharem uma inusitada visibilidade, o início do jogo provou quão prematura foi a discussão nas páginas da imprensa sobre o tema. Uma imensa legião de apoiantes, dispostos a amparar a equipa, como sempre, em qualquer altura, numa nova e repetida manifestação de fé clubista, mesmo debaixo da intempérie que assolou o País.

Sabendo-se de antemão que Jesualdo é um técnico convencional na preparação dos jogos, não eram de esperar alterações na composição do onze inicial, que subiria ao relvado do Estádio dos Arcos. O 4-3-3 habitual subiu ao campo, com a alteração previsível na ala esquerda, saindo o apagado Benitez para a entrada do fulgurante Fucile.

Compreende-se o porquê da mudança operada pelo técnico portista. Sendo Rodriguez um puro-sangue genuíno, arma letal no ataque, Jesualdo necessitava de alguém capaz de cobrir na perfeição o flanco, disponível fisicamente para um apoio consistente ao ataque, mas capaz de se desenvencilhar solitariamente numa porfiada defesa do lado esquerdo. Alguns estranharão a opção, clamando contra a permanência a titular de Sapunaru, o romeno que tem vindo, paulatinamente, a desiludir as boas impressões deixadas na pré-temporada. Como não é possível a substituição de ambos, e tendo o jovem oriundo da terra de Drácula as costas quentes pelo posicionamento táctico de Mariano, a fava saiu a Benitez…

Do outro lado, também não existiram surpresas. O esperado 4-1-3-2, com dois jogadores que fazem da mobilidade a principal característica colados à defesa portista, e um trinco, respaldando as costas ao tridente do meio-campo.

O ritmo, pouco elevado de início, na denominada fase de estudo, apenas ajudou a clarificar que os vila-condenses iriam ser um adversário incómodo. Bem organizados em duas linhas defensivas, com uma pressão bem sustentada e que impedia o normal funcionamento do meio-campo azul e branco, conseguiram manter, ao longo da primeira metade, o Porto bem longe da zona de perigo.

Uma das raras excepções aconteceu num raide de Sapunaru, esquema perfeito do que se espera, e exige, a um lateral moderno e que enverga a camisola de um clube grande. Subida no flanco, tabelinha com Lucho, incursão na área adversária, capacidade de choque, sustendo a carga, para rematar já em esforço em cima de Paiva, guardião das redes do Rio Ave.

E foi só. Um jogo de luta, onde o fato-macaco substituiu os trajes de gala, mas sem brilhantismo, numa confrangedora falta de ideias. Esperava-se, nesta fase, que o intervalo fosse um bom conselheiro. O que se viu, nos primeiros 45 minutos, foi muito mau…

A segunda metade, iniciada sem alterações, trouxe a mesma toada de jogo vivo, com o domínio a ser claramente do Porto. No entanto, as dificuldades encontradas na primeira metade mantinham-se imutáveis. Jesualdo, exasperado com a gritante incapacidade de romper a defensiva vila-condense, resolve mexer na equipa.

De uma assentada, faz a tradicional troca de extremos, penalizando novo jogo apagado de Mariano, fazendo entrar o possante Hulk, e retirando Fucile por troca directa com Lino.Finalmente, o colete-de-forças começava a fechar-se, como uma tenaz, sobre o último reduto adversário.

Rodriguez, até então a realizar o seu pior jogo de Dragão ao peito, agradece o beneplácito do treinador, que o deixou permanecer em campo, e mostra algumas centelhas do seu futebol raçudo e explosivo. Era um Porto autoritário que procurava agora, com enorme afã, chegar ao golo. E ele esteve perto. Tão perto. Várias vezes.

- aos 57’ Sapunaru, novamente em incursão ofensiva, efectua um cruzamento-remate que causa calafrios aos anfitriões;
- Aos 63’, grande intervenção de Paiva, correspondendo com uma bela estirada ao remate de Lisandro, direccionado ao ângulo superior;
- 64’ e Rodriguez, de cabeça, perto de marcar;
- Aos 76’, depois de um cruzamento de Rodriguez, tenso, Sapunaru remate com estrondo ao poste;
- Na marcação de um livre, aos 80 minutos, remate perfeito de Bruno Alves. Paiva, quase de forma sobrenatural, toca no esférico desviando-o para o poste.

A asfixia vilacondense era total. Procurando resistir, no último estertor, os jogadores da casa cerravam os dentes. Já em desespero de causa, num futebol anárquico, Lisandro mostra como anda dissociado dos golos, nesta temporada. 88 minutos. O canto do cisne para os Dragões. A única falha de Paiva, saindo em falso num canto, deixa a baliza deserta, propícia ao empurrão de cabeça de Licha. O golo cantado ficou sufocado na garganta, por mílimetros. Caía o pano sobre o Estádio dos Arcos. Com um travo amargo na boca. Frustração.

Perante um opositor mediano, que faz da bravura e estoicismo as principais armas, os pupilos de Jesualdo deram 45 minutos de avanço. E, quando começaram a jogar, mesmo nunca ultrapassando a classificação de suficiente, viram os esforços esbarrarem numa finalização desastrada, em sofreguidão que toldava os espíritos e em postes que, nesta temporada, teimam em impedir as bolas de entrar. 4 pontos de atraso à 3ª jornada, do líder Sporting, não podem deixar ninguém descansado.

Melhor do Porto: Lucho. Pode parecer redundante. Será, talvez. El Comandante não fez um jogo brilhante. Longe do fulgor de outras partidas, denotou no entanto uma inteligência acima da média, procurando bastas vezes servir os colegas, lutando por linhas de passe, aparecendo em zonas de finalização. O prémio poderia ser também de Sapunaru. Mais seguro a defender, apareceu algumas vezes no apoio ao ataque. E, sempre que o romeno se libertava dos demónios interiores que o tolhem, o perigo rondou a área vilacondense.Rodriguez, mesmo com a última meia hora realizada, onde conseguiu alguns cruzamentos venenosos, esteve muito longe do esperado, raramente conseguindo soltar-se do seu adversário directo. E, por sinal, foi mesmo no seu flanco que Miguel Lopes, um lateral-direito de pelo na venta, procurou o contra-ataque, de forma desinibida, nada receoso por encontrar um Cebola pela frente. Fernando, deslumbrado pelas críticas positivas, esteve em dia-não, com perdas de bola em zonas proibidas, passes errados acima do expectável, nunca conseguindo articular o roubo da bola com a saída rápida para o ataque.

Arbitragem: Gosto da imagem de Pedro Proença. Do seu ar moderno. Do visual cuidado. Do esmero do cabelo. Do sorriso sincero. Da agilidade física. Ele é, provavelmente, o primeiro árbitro metrosexual do futebol português. Tem qualidade inatas à prática isenta do juízo de campo. Mas, numa daquelas bifurcações do destino, quiçá atormentado por coincidências, tem sempre a tendência de prejudicar o Porto. Não pretendendo transformar a perda de dois pontos na culpa exclusiva do homem do apito, geralmente o saco de pancada predilecto de muitos, não deixo passar em claro o erro, crasso, cometido aos 80 minutos. Na sequência do livre de Bruno Alves, que leva a bola a embater no poste, o esférico é claramente afastado pelo braço de um defesa da casa, perante a proximidade de um atleta portista na recarga. Penalty claro. Indiscutível. E um erro com previsível influência no resultado final. E assim, paulatinamente, este campeonato longo vai coleccionando erros que ajudam um contendor a isolar-se dos demais. Perante o silêncio cúmplice de todos…

nota: Logo do jogo retirado do Bibo Porto.

9 comentários:

Anónimo disse...

Jesualdo quis o tridente atacante, Rodriguez, Hulk e Mariano! 16M€!!!!!Agora deveria indeminizar o clube por fraude e evasão de responsabilidades! Por isto, eu não sou dos que assobia para o lado....

Anónimo disse...

o elemento do FCP que deve saír o mais ràpidamente possivel é o Prof .Jesualdo FerreiraUm treinador medroso,complexado, incapaz de reagir a diferentes situacoes, nunca reconhecendo a culpa própria. Quanto ao campeonato, na passada época ganhamos porque foi bater em mortos. Este ano um morto ressuscitou e já lá nao vamos.Champions league nem pensar...Nao gastem massa: O Rui Barros é dez vezes mais indicado !

Paulo Pereira disse...

Tenho por hábito respeitar as opiniões de cada um. Não me considero nem mais nem menos portista que os outros, mas confesso andar farto de, à 1ª contrariedade, a animosidade cair sobre Jesualdo.

Já chateia, não tem fundamento e só comprova o quão injustos conseguem ser os adeptos, capazes de transformar em pouco tempo as pessoas de bestiais em bestas...

dragao vila pouca disse...

Ó Paulo eu concordo contigo,mas que Diabo, o homem põe-se a jeito!
VÊ isto:
Niquinha - 36 anos, Evandro - 34 anos e Gaspar 33 anos. Total 103 anos!!!
Diz o Jesualdo:- havia jogadores cansados do jogo de quarta-feira -.Como? Importa-se de repetir?...
O orçamento do Porto é 30 vezes maior que o do R.Ave, temos um plantel de 25 jogadores...portanto se uns estavam cansados metia outros.
Um abraço

Paulo Pereira disse...

Vila Pouca,

Acho apenas que ele foi infeliz no comentário. Não achei que tivesse existido falta de frescura. E, no entanto, acho que a idade dos jogadores do Rio Ave não é factor argumentativo. Caramba, os homens só jogam na Liga tuga.

Os jogadores do Porto têm andado em verdadeiras odisseias nas viagens, para além de terem efectuado o jogo da Champions...

Melhores dias virão!

Dragaoatento disse...

Vila Pouca e Paulo!
Embora aceite que talvez ainda seja cedo para desesperar,penso como diz o nosso amigo Vila Pouca,o Profe põe-se a jeito.
Isto para dizer que acho que com o actual Plantel é possível fazer mais e melhor.Pessoalmente gosto mais do estilo exigente de por exemplo:o JMourinho.Este quando cá esteve,foi,companheiro,mas não admitia baldas.Gostava que o Profe,no caso de ser preciso trabalhar mais,tivesse força moral para,fosse capaz de exigir,e de endurecer o discurso,se fosse caso disso.A sensação que me dá é que o Profe tem um perfil muito "soft".

Dado que neste momento a equipa de futebol do FC Porto não tem um jogador que desequilibre, um jogador que verdadeiramente faça a diferença, tem de ser a equipa no seu conjunto a resolver os problemas, a ganhar os jogos.

João Eusébio - Treinador do Rio Ave (declarações)
... "O jogo teve dois momentos. O Rio Ave esteve muito por cima até ao intervalo e foi uma equipa segura nas transições, "até porque, e ao contrário do que muita gente pensa, o FC Porto não é uma equipa de futebol organizado". Sem posse de bola faz um bloco médio/baixo e procura espaços para explorar o seu ponto forte, as transições", disse o técnico, elogiando os seus jogadores que, "nos momentos em que estiveram por cima, tentaram fazer um golo"...

Abraço

Dragaoatento disse...

Vila Pouca e Paulo!
Embora aceite que talvez ainda seja cedo para desesperar,penso como diz o nosso amigo Vila Pouca,o Profe põe-se a jeito.
Isto para dizer que acho que com o actual Plantel é possível fazer mais e melhor.Pessoalmente gosto mais do estilo exigente de por exemplo:o JMourinho.Este quando cá esteve,foi,companheiro,mas não admitia baldas.Gostava que o Profe,no caso de ser preciso trabalhar mais,tivesse força moral para,fosse capaz de exigir,e de endurecer o discurso,se fosse caso disso.A sensação que me dá é que o Profe tem um perfil muito "soft".

Dado que neste momento a equipa de futebol do FC Porto não tem um jogador que desequilibre, um jogador que verdadeiramente faça a diferença, tem de ser a equipa no seu conjunto a resolver os problemas, a ganhar os jogos.

João Eusébio - Treinador do Rio Ave (declarações)
... "O jogo teve dois momentos. O Rio Ave esteve muito por cima até ao intervalo e foi uma equipa segura nas transições, "até porque, e ao contrário do que muita gente pensa, o FC Porto não é uma equipa de futebol organizado". Sem posse de bola faz um bloco médio/baixo e procura espaços para explorar o seu ponto forte, as transições", disse o técnico, elogiando os seus jogadores que, "nos momentos em que estiveram por cima, tentaram fazer um golo"...

Abraço

Sérgio de Oliveira disse...

Paulo :

Crónica muito mais colorida que o jogo.
A 1ª parte do PORTO , essa então , foi a preto e branco .


Abraço

Dragaoatento disse...

Olá!
Está detetado o principal problema desta equipa do FCP,e,que é fundamental e urgente resolver.
O Fernando apesar de esforçado...

A FC Porto-SAD precisa de encontrar um jogador tipo Patrick Vieira,ou até tipo Costinha,a fim de resolver este problema da equipa. Isto é! Se quiser ter hipoteses de chegar longe, tanto no campeonato nacional como na Champions. Se fosse eu a decidir, à falta dum trinco excepcional, tentaria jogar com dois trincos: Bolatti e Tomás Costa.Porquê?Porque são ambos argentinos , significando mais solidariedade entre ambos. Além disso o Bolatti representaria: poder físico, técnica e colocação no terreno. O Tomás Costa, mais mobilidade (a que falta a Bolatti), técnica e velocidade.Acredito que nas características de ambos (se complementariam)estará representado o "trinco excepcional"

Abraço