27 de janeiro de 2008

Je suis trés inventive...

LIGA - 17.ª JORNADA

SPORTING, 2-FC PORTO, 0

Estádio Alvalade, Lisboa
Hora: 20:00
Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco)

FC PORTO: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel e Fucile; Paulo Assunção, Lucho González, Marek Cech(Farias) e Raul Meireles (M.Gonzalez); Lisandro López e Ricardo Quaresma (H.Barbosa)
Treinador: Jesualdo Ferreira
Suplentes: Nuno, Stepanov, Mariano, Bolatti, Farías, Hélder Barbosa e Adriano

Título afrancesado? Porquê, perguntarão alguns. Ora, porque me apetece, porque estou fod**o, porque detesto perder e, tenho que confessar, sempre odiei o professor Pardal, essa personagem mítica da BD [ou gibi, como dizem os brasileiros], inventor a tempo inteiro.

Não consigo ver futebol de outra forma. Aliás, existe outra forma?

Os 14 pontos de avanço não são suficientes, nesta altura, para me tirar o travo amargo da boca. Há quem confunda isto com azia. Não é. Detesto perder. Seja com 1 de avanço, ou com 15, mas o sabor daí resultante é, podem crer, amargo. Não sou daqueles que acha que o campeonato se encontra definitivamente fechado. Não está. E é bom que, para além de mim, alguém naquele plantel pense da mesma forma.

Não está em causa, sequer, a diferença qualitativa dos portistas para os seus mais directos adversários. Algo estranho de se dizer, logo após uma derrora com um dos eternos rivais, calcorreando as ruas da amargura, por esta altura. Mas é a mais pura verdade, indesmentível e atestada no quase imaculado percurso que os Dragões têm feito, intra-muros.

Digo isto, sem pudor, por achar a 2ª volta do Porto terrivelmente complicada, com um sem número de saídas de alto risco. Se aliarmos ao valor dos opositores que nos caberão em conta, essa tendência inata para o desperdício de golos inacreditáveis, a margem pontual pode sofrer alguma redução. Adicione-se a pressão indesejável já colocada nos ombros dos homens do apito, com o ressuscitamento das declarações de sempre do Orelhas [finalmente passou-lhe a azia provocada pela trivela] e temos um belo caldo morno, pronto a ser servido a preceito. Preparem-se porque isto ainda não acabou.

Quanto ao jogo de hoje, sinceramente, não me apetece tecer grandes considerações. Foi mais do mesmo. E isso cansa. Farto-me das invenções, em jogos de grau de dificuldade elevado. Chateia-me solenemente a disparidade entre o discurso técnico agressivo e atacante e a postura de contenção que a equipa apresenta.

E, no meio disto tudo, o que mais me chateia ainda é este repisar, minha imagem de marca, que após uma derrota disseca vezes sem conta as oportunidades desperdiçadas ingloriamente, que poderiam dar um rumo diferente à partida. Voltas e voltas na cama, amargurado não pela derrota, mas pela forma como ela apareceu. Evitável.

Foram tantas. Tão flagrantes. Hoje, logo aos 28 segundos de jogo, viu-se que os deuses da fortuna nos tinham virado as costas. Lucho, magistralmente isolado, remata ao lado. Não foi necessário esperar muito mais, para ver o perigo a rondar a área leonina. Golo [bem] anulado a Lisandro, num cabeceamento imparável do argentino, aos 10', e menos de um minuto depois, novamente Lucho, numa excelente combinação com o compatriota das pampas, a desperdiçar um soberano ensejo de visar com êxito a baliza de Rui Patrício.

Lá diz o ditado, tornado lugar-comum, que quem não marca sofre. O Porto sentiu isso na pele. Em duplicado. Castigo atroz e injusto, penalizando os Dragões em dois lances fortuitos, com a defensiva portista a ficar mal na fotografia, em ambas as ocasiões. Helton, que se tinha cotado com algumas intervenções decisivas nas últimas partidas dos azuis e brancos, aparecerá como principal réu, no golo inaugural, deixando a bola passar pelo meio das pernas.

Os Dragões sentiram o toque. Abanaram, mas nem por isso deixaram de comandar a partida, com o beneplácito do adversário, mais preocupado em suster a previsível reacção portista. Mas esta surgiu apenas pós-intervalo. Jesualdo, sem nada a perder, substitui Cech, metendo na partida o avançado argentino Farías.

E, cá por casa, as imprecações aumentaram de volume, ao ver a forma inacreditável como a bola se recusava a perfurar as redes do Sporting. Atentem nestes lances:

54' - Excelente passe de Paulo Assunção a servir Lucho na área leonina, com o argentino, sem oposição, a cabecear ao lado do poste direito.

57' - Excelente jogada dos dragões, com Fucile a cruzar da esquerda e Farías a rematar para Polga evitar o golo sobre a linha.

58' - Farías novamente em evidência, agora a cabecear à trave da baliza de Rui Patrício após centro da esquerda.

66' - Falhanço incrível de Lucho, que surgia completamente à vontade no coração da área após assistência de Lisandro da direita. A bola sai ao lado do poste direito da baliza de Patrício.

72' - Lisandro remata, de pé esquerdo, ao lado do poste direito após centro de Quaresma da esquerda.

82' - Lisandro remata em jeito após jogada de Lucho, mas a bola sai ao lado do poste esquerdo.

Decididamente, nada mais se poderia fazer. Derrota justa? Atendendo ao número de oportunidades criadas pelos Dragões e à personalidade demonstrada, até ao golo inaugural, apetecia-me gritar um rotunda NÃO. Apetecia, mas não o faço.

Foram 45 minutos de avanço dados aos leões receosos, em nova invenção que, como sempre, em nada beneficiou a equipa. Mordo a língua, neste momento, para não alongar a dissertação sobre o que tolhe o técnico azul e branco, em jogos deste calibre. Seria caso para uma tese, se eu tivesse tempo. Haverá quem faça a apologia do 4-4-2, quem teça loas à forma como os Dragões se assenhorearam do controlo da partida mas, quanto a mim, o habitual 4-3-3, com Farías na frente, seria o indicado. Será sempre mais fácil dizê-lo agora, no final, é certo, mas parece-me algo consensual que é nesse sistema de jogo que o Porto explana melhor as suas virtudes.

nota: Espantoso também como alguns fora-de-jogo são vistos ao longe, entusiasticamente marcados, e outros [2º golo do Sporting] rapidamente desculpados pelos tarefeiros de serviço. Mais do mesmo, numa situação que, aposto, não será motivo de polémica nem grandes parangonas nos jornais. Nem essa, nem o empurrão nada inocente de Ronny a Quaresma, dentro da área leonina. E aí é que está o busílis da questão. Não foi inocente, e a premeditação será, com o aproximar do final da Superliga, mais despudorada. Não tenham dúvidas. Vai valer tudo. Hoje, o Xist[r]ema no seu melhor!

7 comentários:

Anónimo disse...

A verdade é q o país precisava de um fim de semana destes, esta merda já parecia um velório, já ninguem falava de bola e nós só tivemos foi muito azar.
melhores dias virão, tivemos mesmo q abanar os defuntos...
Amorim

Anónimo disse...

Os acessos de Prof. Pardal realmente são irritantes! No entanto jogámos bem mas a bola entrou só para uma equipa (com a preciosa colaboraçao do FRANGUELTON, que diz-se melhor que o Baia...). Esperemos que as espriencias tenha acabado...(continuo a achar que certas renovaçoes de contracto foram prematuras...). Vamos ter uma semana recheada de "Esperança" lá para os lados do "galinheiro" e da Taveira's "Bathroom". Ânimo!

dragao vila pouca disse...

Caro Paulo, acho que estamos em clara sintonia, eu como mais velho e com mais anos de F.C.Porto( sem paternalismo) digo claramente: vamos com calma levar a água ao moinho...depois, as coisas acontecerão naturalmente, porque as pessoas já viram aquilo que tu viste e eu já ando a dizer (basta ver o que escrevo)há muito.A mania que contra todas as previsões, os técnicos têm de inventar e alterar aquilo que está bem, tira-me do sério. Sobre o orelhas vê o que escrevi no meu post.
Um abraço

Dragaopentacampeao disse...

Temos equipa e futebol suficientes para ultrapassarmos os obstáculos, cada vez mais complicados, que todos os adversários nos colocarão até final (equipas, árbitros, com. social , etc.)

Rumo ao Tri sem vacilar. Aprender com as derrotas para merecer as vitórias.

Anónimo disse...

Já chega de discussões sobre o leite derramado. Acho que já todos percebemos que somos muito melhores, e que com situações normais vamos ser campeões e que com situaçãos anormais...também vamos ser campeões !

Desde já lanço um desafio, um movimento de todos nós para o próximo jogo em casa. Neste momento e em face dos ultimos acontecimentos acho que a nossa equipa merece o nosso sacrificio e reconhecimento, por isso proponho que no próximo jogo em casa tentemos ter uma grande moldura humana e que no momento da entrada das equipas em jogos brindasse-mos os nossos jogadores com um aplauso em pé, para todos sem excepção.

Neste momento eles precisam de sentir que sabemos que deixaram tudo em campo para que o resultado fosse outro até ao ultimo segundo do jogo, e que nós estamos com eles agora e até ao fim da temporada para juntos festejarmos os titulos que todos ambicionamos.

Neste momento temos de estar todos juntos !!!

Eu lá estarei !!! Quem me acompanha ?

Sérgio de Oliveira disse...

Paulo :

O Futebol tem destas coisas !



Um abraço

Paulo Pereira disse...

Anónimo,

Claro k sim. Lá estarei!