7 de abril de 2009

Nortada

Vale a pena ler a crónica de hoje de Miguel Sousa Tavares. Com a qualidade do costume, causticando os infelizes mentores por detrás do Apito Dourado. Não escapa ninguém...


NORTADA

Por Miguel Sousa Tavares

"Os vencidos do apito encarnado"

1 Como seria de esperar, Luís Filipe Vieira não perdeu tempo a dizer o que pensa sobre a consumação total da derrota que ele e o Ministério Público (MP) encaixaram nos três processos do Apito Dourado instaurados contra Pinto da Costa. E o que ele pensa é aquilo que era de prever: que uma justiça que absolve Pinto da Costa não presta, por natureza.

Para o presidente do Benfica, não há que ter qualquer pudor: tanto lhe faz que alguém tenha sido sistematicamente absolvido ou nem sequer pronunciado em vários processos, tanto lhe faz a opinião unânime de todos os juízes chamados a pronunciar-se, tanto lhe faz a própria ideia de Justiça ou de Estado de Direito. Só lhe interessa o seu isento critério: haveria justiça se Pinto da Costa tivesse sido condenado; como não foi, tudo isto vale zero e é uma fantochada.

Nos próximos tempos, vamos ver Vieira a percorrer as chafaricas do País insinuando que Pinto da Costa subornou cinco tribunais e nove juízes para ser declarado inocente. Mas que outra coisa seria de esperar de quem montou, de fio a pavio, a mais transparente campanha de manipulação contra um clube jamais vista?

O Apito Dourado foi a Alfarrobeira do futebol português (perguntem ao João Gabriel o que foi isso). Com a diferença de que terminou melhor que Alfarrobeira: desta vez, a inveja dos medíocres não triunfou, apesar da disparidade de meios em confronto. Mercê de um extraordinário despacho do sr. Procurador-Geral, ordenando ao MP que recorra em todos os processos que Pinto da Costa ganhasse (o dr. Pinto Monteiro não paga as custas nem os custos do seu bolso...), a sentença de Gaia vai ainda ser objecto de apreciação pela Relação, mas apenas para satisfazer o despeito do dr. Pinto Monteiro e da dr.ª Maria José Morgado.

Mas o Apito está morto — como eu sempre previ que aconteceria a um processo cuja única fundamentação assentava na credibilidade de uma testemunha como Carolina Salgado, a par do desejo de, por esta via, tentar justificar a incompetência com que o Sport Lisboa e Benfica é gerido há vários anos, permitindo ao sr. Vieira manter-se no trono que tanto prazer lhe dá.Chegou a hora de passar ao contra-ataque — que eu espero que o FC Porto não perdoe — e para o qual dou aqui a minha contribuição, lembrando apenas quem são os principais vencidos desta suja querela. Ei-los.

LUIS FILIPE VIEIRA — O presidente do SL Benfica foi, como disse, o mentor principal de todo este embuste. Os objectivos eram desacreditar o mérito dos êxitos do FC Porto — cuja justiça é visível por qualquer um de boa-fé —, e dar ao próprio, na secretaria, as vitórias que se revelou incapaz de conquistar em campo, tentando levar à Europa, pela porta dos fundos e em prejuízo do Porto, a indigente equipe de futebol do Benfica que por aí se exibe à vista de todos (domingo, na Reboleira, não fosse mais uma arbitragem amiga a atrapalhar as contas do dr. Cervan, e lá teriam ficado, muito merecidamente, mais dois ou três pontitos...). Para tal, nem hesitou em lançar mão daquela que, em pleno Estádio da Luz e para vergonha dos portistas, o tinha ido insultar e a quem ele havia destratado como se lembrarão, numa declaração que fez na altura. Mostrou quais eram os seus métodos, os seus princípios e a «moralidade» que por aí anda a apregoar. O episódio da tentativa de entrar à força na Champions, marimbando-se para a tal verdade desportiva (e contando, para tal, com a prestimosa colaboração do dr. Ricardo Costa), foi o momento mais negro da história de um clube que tem inúmeras páginas de reconhecida e justa glória. Vieira foi o autor moral de três derrotas judiciais exemplares, o frustrado líder de uma conspiração ditada pela inveja e pela mediocridade. Se tivesse alguma humildade, que manifestamente não tem, meditava na lição.

CAROLINA SALGADO — A raiva de ter perdido o estatuto de Primeira Dama do FC Porto, levou-a a um exercício de vingança em que não olhou a meios e em que não se revelou diferente do que já se sabia que era. Intitulou-se escritora (do livro de cabeceira do Barbas, que nem sequer escreveu!), inspirou um filme, posou como ícone sexual para a Maxmen, imaginou-se figura do jet seis e uma mártir da justiça protegida pelos seguranças da dr.ª Morgado — e acabou indiciada como perjura. Como disse o advogado de Pinto da Costa, foi usada, utilizada, abusada. E agora a má notícia: como deixou de ter utilidade, vai ser deitada fora. Até porque nunca se sabe se alguém não resolve investigar a fundo as suas motivações outras e não acaba por se tornar perigosa para quem a inventou.

LEONOR PINHÃO — Felícia Cabrita escreveu no SOL (sem nunca ter sido desmentida) que, nos primórdios do Apito, Leonor Pinhão se reuniu num hotel de Lisboa com Carolina Salgado, Luís Filipe Vieira e dois agentes da PJ que tinham o processo a cargo — uma eloquente reunião que desde logo fazia prever o tipo de investigação que aí vinha. Desde o início, que a minha distinta colega de opinião neste jornal assumiu entusiasticamente o papel de criadora da criatura, indo ao ponto de escrever o guião de um filme baseado nas verdades da d.ª Carolina que não se preocupou minimamente em confirmar. O ódio ao FC Porto cegou-a, chegando a escrever aqui que «detalhes» como o «nexo de causalidade» num suposto crime de corrupção não interessavam nada. E onde estão as vitórias do Benfica, desde o Apito?

PINTO MONTEIRO — Um dia depois de ter tomado posse como Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro declarou que ia ler o livro de Carolina e abrir investigações com base no que lá estaria — como se fosse o caso mais importante que tinha encontrado. Depois, nomeou um dream-team com a missão única de caçar Pinto da Costa, sem olhar a meios ou despesas. Enfim, na iminência da derrota total, teve ainda o desplante de declarar que nada ficaria na mesma depois do Apito, pois tinha conseguido incomodar e assustar... os inocentes. Nada deveria ficar na mesma, de facto. E, atendendo não só ao desfecho do Apito, mas ao desastre absoluto que tem sido a sua gestão à frente do MP em tudo o resto, há uma coisa pelo menos que, houvesse pudor, deveria mudar: ele próprio.

MARIA JOSÉ MORGADO — A estrela do MP nem por um instante se deu ao incómodo de fingir que o objectivo do Apito era apurar se havia corrupção no futebol português. Fixou-se num único alvo e conduziu, contra todas as evidências e contra todos os deveres da função, uma campanha ad hominem, na qual gastou milhões de euros aos contribuintes, ancorando-se unicamente no testemunho de alguém que não lhe poderia merecer credibilidade alguma. E, quando tanto se fala em pressões e independência dos magistrados do MP, ela obrigou-os a reabrir processos arquivados, a acusar sem convicção, a recorrer sem fundamento. No limite, por sua ordem ou não, permitiu que o MP lançasse mão do mais indecoroso expediente que jamais vi num tribunal criminal, aliciando uma testemunha da defesa durante o próprio julgamento e arrancando-lhe, altas horas da madrugada, uma declaração escrita em que dizia que tinha andado a mentir durante dois anos. Para mim, o prestígio da senhora, conquistado a duras penas, morreu aqui e com ele afundou-se ainda mais no abismo onde hoje vegeta o prestígio do próprio MP.

RICARDO COSTA E O CD DA LIGA — Num último acesso de raiva e num tirar definitivo da máscara, o dr. Ricardo Costa e os seus pares do CD, escolheram a véspera da leitura da sentença que sabiam que só podia absolver Pinto da Costa, para se lembrarem de aplicar a Lisandro o mais vergonhoso castigo que alguma vez saiu da imaginação daquelas descontroladas cabeças. Estiveram à beira de conseguir tirar da Europa o único clube que prestigia Portugal e que merece lá estar, condenaram por invocada tentativa de corrupção o presidente do FC Porto a dois anos de suspensão (e de silêncio!), e tudo com base em fundamentos e provas que cinco tribunais comuns reduziram a pó e a má-fé. E agora, dr. Ricardo Costa, o seu belo palavreado pseudo-juridico também vai decretar que todos os juízes estavam feitos com Pinto da Costa? Saia, homem: a vida não é a feijões!2 E, como o futebol se joga no campo, o FC Porto foi a Guimarães, com tudo contra si (Lisandro castigado pelo dr. Costa pelo crime de ter sofrido um penalty não assinalado, outros ausentes por cansaço, autocarro apedrejado, ambiente de intimidação, festival de pancadaria no Hulk (como táctica dos da casa e perante a complacência criminosa do árbitro), e deu mais um banho de bola e uma lição de verdade desportiva às pretensões justicialistas dos Vieiras, Salgados e Morgados, Costas e demais. Ora, chorem.Hoje à noite, em Old Trafford, a missão é quase impossível, face à maior potência desportiva e financeira do futebol, campeão europeu e mundial em título. Mas estes jogadores têm uma fibra e uma coragem para os grandes momentos que nos levam a acreditar até ao fim. Só espero duas coisas: que o Helton não ofereça um ou dois golos (já em Guimarães voltou a tentar), e que o Cristiano Ronaldo de logo à noite seja o da Selecção e não o do Manchester: aquele que falha golos fáceis, joga pouco ou nada e acha que os colegas é que atrapalham.

12 comentários:

Bruno Pinto disse...

MST, brutal!!! É o melhor comentador portista da nossa praça, descontando algumas opiniões acerca de futebol jogado, que não é o seu forte. Devia ser ele a voz do nosso clube. Era esta contundência que gostava que viesse de dentro do clube.

Sérgio de Oliveira disse...

Bruno Pinto :

Respeito a tua opinião mas penso de maneira diferente.
Acho que o MST está a fazer
(e muito bem )o que gosta de fazer .

Porta-voz do F.C.PORTO
(neste país desportivamente inculto e cego) ?

Anónimo disse...

Corajoso, oportuno, fundamentado.

Anónimo disse...

Obviamente, Jesualdo

É óbvio que Jesualdo Ferreira deve continuar como treinador do FC Porto na próxima temporada. É óbvio que deve ser ele a colher os frutos que semeou este ano e que o jogo de Old Trafford revelou plenamente amadurecidos. Jogadores como Sapunaru, Rolando, Cissokho, Fernando, Rodríguez e Hulk, novos em mais do que um sentido: novos porque juntos têm uma média de idades pouco superior a 22 anos e novos porque todos chegaram apenas este ano ao FC Porto. Jogadores que num ou noutro momento mereceram a desconfiança da crítica e que Jesualdo Ferreira soube proteger e moldar até encaixarem perfeitamente na estrutura que transportou da última temporada. Se, mesmo depois de ter perdido Quaresma, Paulo Assunção e Bosingwa, o FC Porto conseguiu crescer até conseguir olhar o Manchester United nos olhos, se mesmo quando falham três ou quatro titulares se consegue impor aos adversários no campeonato, se está com um pé no Jamor, deve-o a Jesualdo Ferreira. E o FC Porto não é clube para ficar com dívidas por pagar.
Jorge Maia n´O Jogo

Anónimo disse...

«O FC Porto não é o melhor clube português no futebol internacional. É o único. É o único que, antes de um jogo contra o Manchester United, podemos esperar que jogue entre iguais. Não esperar de esperança beata - porque, essa, qualquer presidente aldrabão no universo crente que é o futebol pode prometer.
Falo de esperança legítima num clube que vai em mais de duas décadas de carreira como o melhor português e, sobretudo, atingindo aquela constância de qualidade que leva o FC Porto a ser tratado entre os maiores como um dos seus. É necessário que isso seja saudado para além do futebol. Porque, em Portugal, no campeonato dos factos contra a retórica, ganha quase sempre a conversa barata. Ontem, um dos nossos raros campeões de factos (e não de lábia) voltou a cumprir. Quem manda no restante futebol nacional que aprenda com quem foi buscar os, então, desconhecidos Hulk, Fernando e Cissokho... E o que há para aprender é isto: há quem saiba fazer e há quem não. Estes últimos deviam dedicar-se ao curling, desiludiriam menos portugueses.»
Ferreira Fernandes, DN, 08/04/2009

Anónimo disse...

onal. É o único. É o único que, antes de um jogo contra o Manchester United, podemos esperar que jogue entre iguais. Não esperar de esperança beata - porque, essa, qualquer presidente aldrabão no universo crente que é o futebol pode prometer.
Falo de esperança legítima num clube que vai em mais de duas décadas de carreira como o melhor português e, sobretudo, atingindo aquela constância de qualidade que leva o FC Porto a ser tratado entre os maiores como um dos seus. É necessário que isso seja saudado para além do futebol. Porque, em Portugal, no campeonato dos factos contra a retórica, ganha quase sempre a conversa barata. Ontem, um dos nossos raros campeões de factos (e não de lábia) voltou a cumprir. Quem manda no restante futebol nacional que aprenda com quem foi buscar os, então, desconhecidos Hulk, Fernando e Cissokho... E o que há para aprender é isto: há quem saiba fazer e há quem não. Estes últimos deviam dedicar-se ao curling, desiludiriam menos portugueses.»
Ferreira Fernandes, DN, 08/04/20

Anónimo disse...

«É notável a capacidade que o Dragão tem de cuspir em tudo aquilo que não presta. Naqueles que já não conseguem arranjar mais argumentos, por mais patéticos que sejam, para denegrir a sua imagem, para relativizar e minimizar os seus êxitos. Para tudo isto o FC Porto tem tido resposta pronta. Como? Ganhando. Convencendo... e em campo. Que é sempre a melhor forma de calar os "anónimos" prontos a meter a cabecinha de fora sempre que têm uma pequenina oportunidade...
(...)
A jornada europeia de Manchester foi gloriosa, (igual a muitas outras que nos últimos 20 anos o FC Porto tem repetidamente conseguido), deixando orgulhosos os verdadeiros amantes do que de melhor o futebol português é neste momento capaz de produzir. O resto... é "chover no molhado"... é mais do mesmo!
Esta jornada não merecia, por isso, ser despachada para segundas caixas de informação desportiva, dando lugar, em primeira instância, às crises existenciais de alguns habituais protagonistas, num exercício de minimização e de branqueamento que até pode agradar a meia dúzia de "cromos" mas que envergonha todos aqueles que não deixaram de se sentir orgulhosos pelo que viram, não olhando a mais nada que não tenha sido a enorme qualidade da exibição portista e, em especial, a sua permanente "atitude", a tal expressão tão difícil de mastigar!
Também eu me associo a uma cuspidela generalizada contra tanta cegueira!»
Paulo Garcia, SIC online, 08/04/2009

Anónimo disse...

A semana passada o Estrela não treinou e nesta continuando a não receber, TREINOU, os "DESCONFIADORES DO REINO" estão calados???!!!...

Anónimo disse...

Correio da Manhã, Jornal de Negócios, Record, Automotor, Máxima, Pcguia, Rotas e Destinos e Semana Informatica devem ser excluídos por todos aqueles portistas que os consomem.

Anónimo disse...

Um exemplo até no râguebi
GALESES DO OSPREYS INSPIRAM-SE NO FC PORTO DE OLD TRAFFORD





A imprensa inglesa adorou o FC Porto de Old Trafford, mas a exibição dos dragões em Manchester teve um impacto muito mais vasto e serviu até de inspiração para outros desportos. O conjunto galês Ospreys dedica-se ao râguebi e defronta amanhã os irlandeses do Munster para a Heineken Cup, uma espécie de Liga dos Campeões da modalidade.

Sean Holley, o treinador, foi claro na antevisão do duelo com os atuais detentores do título. "Sei que vamos jogar contra os campeões europeus mas, como vimos acontecer com o FC Porto diante do Manchester United, isso pode significar algo de especial", vincou, insistindo na filosofia portista: "Não faz sentido estar nesta competição se não acreditarmos que podemos vencê-la. Num dia bom, sei que somos capazes de ganhar a qualquer equipa."

O que mais agradou aos galeses foi a postura do campeão de Portugal, que nunca se inferiorizou pelo facto de estar a jogar na casa do campeão europeu. O Ospreys salienta a cultura ofensiva do FC Porto e quer ter no seu conjunto dignos sucessores de Rodríguez, Hulk e Lisandro.



Data: Sábado, 11 Abril de 2009 - 7:51

In Record

Anónimo disse...

A excepção que vê
Publicado por CAA em 10 Abril, 2009

«É realmente preciso que a “clubite” se alie ao atraso mental, para não reconhecer que o F. C. Porto merece estar entre as quatro melhores equipas da Europa. E que deve ser, com o Barcelona, um dos dois clubes do Mundo com melhor futebol na actualidade. Para além disso, o F. C. Porto tem dignificado a imagem de Portugal, é um produto internacional de prestígio e uma marca sólida. Cresceu sempre com os pés assentes na terra, e merece homenagem. Tudo o resto é desconversa. Sou benfiquista, mas não sou cego.», por Nuno Rogeiro, hoje, no JN

In blasfemias

Anónimo disse...

Mourinho: «Manchester pode ganhar ao FC Porto»
TÉCNICO PORTUGUÊS ELOGIA FERGUSON E COMPANHIA



José Mourinho, técnico do Inter Milão, acredita que o Manchester United pode ganhar ao FC Porto, no Dragão, na segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, embora tenha apenas empatado (2-2) em Old Trafford.

Os red devils têm um grande desafio pela frente pois nunca nenhuma equipa inglesa ganhou no Porto, no entanto Mourinho diz que Alex Ferguson é um especialista em bater recordes.

"Quantas vezes é que o United já quebrou recordes? Alex Ferguson é um especialista nisso e a sua equipa tem a qualidade necessária para ganhar em qualquer sitio do mundo", elogiou.

O técnico português continuou afirmando que o FC Porto tem uma grande equipa e fechou com um aviso aos azuis e brancos: "Wayne Rooney é uma ameaça que o FC Porto tem que conter. Ele joga sem medo."



Data: Domingo, 12 Abril de 2009 -
In Record