19 de maio de 2008

Só eu sei...

...porque não fico em casa. A resposta é óbvia. Amo este clube. Cada vez mais. Cada vez com maior intensidade. De forma sôfrega. Sempre achei que é nas derrotas que se sente, palpável, a alma de um clube. "Glória aos vencedores, honra aos vencidos". O chavão, utilizado amiúde em dispares situações, aplica-se na perfeição à final da Taça de Portugal, perdida ontem...

Existem duas formas de escrever. Logo após o jogo, deixando a emotividade relatar os acontecimentos, mas perdendo em capacidade de análise. Ou, mais tarde, de forma racional, já com os humores devidamente temperados.

Optei por esta última, ajudado pelo facto de ter assistido, in loco, ao desenrolar dos acontecimentos. A viagem de regresso, pesarosa, serviu também para desintoxicar a mente da raiva acumulada pela perda de um troféu.

Convenhamos. O Porto, durante uma hora, foi uma pálida cópia da exuberante equipa que se sagrou campeã nacional. Um Porto acomodado, lento de processos, equivocado nos princípios de jogo, presa fácil para um adversário abnegado, raçudo, disposto a vencer, provando ter feito os trabalhos de casa, na análise sumária do estilo de jogo apresentado por Jesualdo.

E foi assim. Uma imensa festa, colorida de azul e branco num dos topos, rivalizando com o verde da outra ponta, que foi procurando galvanizar os artistas, lá em baixo.

Participando nela, sentia no entanto um aperto no coração, em cada investida do opositor. A anterior muralha defensiva, imagem de marca deste Porto, parecia esboroar-se a cada ataque, sustendo os assaltos com enorme dificuldade. E depois, sempre aquela crença. Uma corrida. Uma bola em velocidade. Uma ligeira libertação da pressão adversária. "É agora", almejava eu, em silêncio, esperando que a história do jogo corresse o seu ritmo normal e que aquele grito, o da vitória, o da comemoração, se soltasse, por fim...

O intervalo surgiu como um bálsamo. Um Porto encostado às cordas, as laterais a servirem de alvo para a codicia sportinguista, e Nuno a emergir como herói improvável na primeira metade, onde o futebol apresentado estava longe dos pergaminhos exigíveis aos dois primeiros classificados da Superliga.

A segunda metade é marcada, indelevelmente, pela expulsão de João Paulo. Se a exibição do lateral-esquerdo estava a ser sofrível, a intempestiva entrada sobre um adversário, notoriamente brutal, cerceou grande parte das possibilidades dos Dragões enguerem o troféu...

Jesualdo, calculista até então, mexeu na equipa, fazendo sair um esforçado Mariano Gonzalez, ele que na 1ª metade tinha ofertado em bandeja de ouro o golo ao compatriota Lisandro, para entrar um lateral-esquerdo de raiz. Com Lino, apesar de jogar com menos um homem, o Porto equilibrou a equipa, colocando um tampão nos ataques que privilegiavam aquele flanco...

E, finalmente, o Jamor assistiu à ressureição de um campeão. Uma equipa que, unida no sofrimento, mostrou uma condição anímica que lhe permitiu, a espaços, superiorizar-se ao adversário...

Naquele momento, acreditei ainda mais. As oportunidade, até então escassas, foram surgindo. Mas, aparentemente, estará escrito num qualquer tratado de conjugação cósmica, que os jogos com os leões ficarão marcados pelo desperdício de oportunidades flagrantes...

A quebra física, visível no dealbar da partida, em jogadores nucleares como Lucho ou Meireles [bela exibição], fazia temer pelo tempo extra. O técnico portista resolveu um dos problemas. Fez sair o internacional luso, introduzindo no jogo a força do possante Kaz...

Quando o sinal mais continuava a ser azul e branco, logo após Quaresma ter desperdiçado um notável trabalho individual, aconteceu o caso do jogo...

Contra-ataque portista, conduzido por Lisandro, alvo de atropelamento junto da grande-área leonina, numa inequívoca falta, que Olegário resolveu como de costume. Mandou seguir...

E surgiu o golo, na resposta, de Tíui. Balde de água fria, com o Porto, num último assomo, quase a empatar de seguida. O jogo terminou ali. De forma cruel...

Nova final perdida para o Sporting, assumindo-se cada vez mais como a nossa besta negra, com o Porto apenas a poder queixar-se de si próprio...e de mais alguém.

Em primeiro lugar, as excêntricas decisões de Jesualdo, optando por João Paulo na esquerda, debilitado a equipa nas alas, serão o réu. O tradicional calculismo do técnico portista, visível na opção pela regularidade táctica de Mariano, em detrimento do repentismo e tecnicismo de Tarik, custou caro, desta feita...

Finalmente, de forma costumeira, Olegário salvou a face. Ainda hoje causticado pelo pretenso erro de análise no célebre lance de Baía, em pleno Estádio da Luz, o juiz leiriense continua a pagar a factura...com juros adicionais. Depois de benevolentemente ter ofertado a Supertaça, à dois anos atrás, aos encarnados, sancionando um golo precedido de falta, na vitória destes frente ao Setúbal, o árbitro internacional mostrou novamente a sua face....

Incompetente, perdido na análise dos lances, usando de uma gritante dualidade de critérios [expulsão perdoada a Abel], receoso de assumir lances nas áreas, fechou a sua exibição execrável com o já referido lance sobre Lisandro, influente no resultado final...

Resta-nos a nós, portistas, não fazer das críticas arbitrais um cavalo de batalha. Perdemos, quiçá justamente, caindo aos pés do campeão da 2ª circular. E, quando assim é, está tudo dito...

17 comentários:

lucho disse...

Parabéns pela crónica. Concordo com tudo o que escreveste.

Também costumo dizer ao meu pai q é nestas alturas q mais orgulho tenho em ser do Porto. E cada vez mais ferrenho.

Anónimo disse...

O J.Paulo no fundo fez o papel que fazia o R.Costa,no tempo do Mourinho quando jogava na Capital...

Eu gosto do Prof.Jesualdo.

Mas faltou talvez RECONHECER que muitos dos nossos jogadores estão FATIGADOS, porque trabalharam TODA a ÈPOCA NOS LIMITEs.

E apresentar uma equipa do genero da que apresentamos em Guimarães "UMA MESCLA" de titulares e suplentes,mas MUITO MAIS FRESCA E DISPONIVEL para ojogo.

E assumir isso publicamente e antecipadamente.

Anónimo disse...

O J.Paulo no fundo fez o papel que fazia o R.Costa,no tempo do Mourinho quando jogava na Capital...

Eu gosto do Prof.Jesualdo.

Mas faltou talvez RECONHECER que muitos dos nossos jogadores estão FATIGADOS, porque trabalharam TODA a ÈPOCA NOS LIMITEs.

E apresentar uma equipa do genero da que apresentamos em Guimarães "UMA MESCLA" de titulares e suplentes,mas MUITO MAIS FRESCA E DISPONIVEL para ojogo.

E assumir isso publicamente e antecipadamente.

Sérgio de Oliveira disse...

Paulo :

Perdemos , porque não fomos iguais a nós próprios.

Apesar dos erros graves do Malquerença , o Sporting mereceu ganhar .

Há que reconhecer e dar os parabéns ao adversário.

Viva o F.C.PORTO !

Dragaoatento disse...

Paulo!Completamente d'acordo com a tua crónica!
Obrigado pelo teu comentário esclarecido no "dragaoatento".
Se o Mourinho fosse neste momento o treinador do FC Porto,as declarações do Paulo Bento não teriam ficado sem a respectiva resposta adequada ao estilo.Torna-se necessário que nestes ambientes um pouco turbos do futebol,os treinadores tambem marquem pontos no sentido de influenciar a opinião pública.O Jesualdo neste aspecto é demasiado correcto,para dar alfinetadas contundentes aos adversários.E por vezes é preciso fazer mesmo mossa, para eles nos respeitarem.

dragao vila pouca disse...

EU ao contrário de ti vim conformado, mas hoje estou mal, com uma grande azia, porque mais uma vez,nestes jogos tem sido uma constante,Jesualdo resolveu inventar- J.P.a lateral-esquerdo- e esteve apático no banco.Tarik claramente um jogador de contra ataque, com o Sporting a ir para a frente a dominar,embora sem criar perigo,mas a deixar espaço nas costas, pedia-se o Tarik. Só que para entrar o Marroquino tinha de sair o Quaresma e isso Jesualdo não tem coragem de fazer.
Benquerença foi mau de mais.Sábado vais ao jantar?.
UM abraço

Anónimo disse...

Vejam no "Sou portista com muitoorgulho" a analise pormenorizada dos ultimos 4 jogos como Sporting em termos de arbitragem. E não está lá ojogo da època passada para evidenciar aquele Penalty perdoado por P.Henriques ao Sporting sobre oPEPE,mesmo a acabar o jogo.

Dragaopentacampeao disse...

Eu sei que sou Dragão. Sei que sou diferente. Não gosto de perder, nem a feijões. Não tenho orgulho quando perco (FC Porto), tenho é magoa!

Mas a minha paixão, o meu amor pelo clube é inabalável em qualquer circunstância.

Tenho orgulho nas vitórias e magoa nas derrotas. Nasci e vou morrer assim: Portista.

Por isso, estou desconsolado, triste e revoltado.

Desconsolado porque esperava uma exibição ao nível do que o Porto nos habituou;

Triste pela derrota que não esperava;

Revoltado por uma arbitragem zarolha, tendenciosa e cobarde.

Apitos? Que os metam no...

Tenho dito!

Dragaoatento disse...

Neste momento o ambiente de suspeição e corrupção que grassa no futebol português tém nomes como : Vitor Pereira(árbitros), Ricardo Costa(CD da Liga) e Comp.ª. Então o Vitor Pereira,acredito que instruiu o Benquerença para ser benevolente com as faltas dos jogadores do Sporting(de modo a salvar a época ao SCP)e rigoroso com as faltas cometidas pelos jogadores do FC Porto.Só assim se compreende o cartão amarelo mostrado ao Meireles,para intimidar!Sim são eles, senão reparem, a época passada o Katsouranis teve uma entrada tão violenta sobre o Anderson que lhe partiu a perna em dois sítios, perante a impassibilidade do Lucílio,o qual nem falta marcou!E ninguém fez nada!Se fosse um jogador do FC Porto que fizesse isso por exemplo ao R.Costa, certa Comunicação Social andava para aí um ano a falar no assunto!Vinha o Carmo e a Trindade abaixo!Portanto, penso que não andarei muito longe da verdade se considerar que são os dirigentes da Liga de Clubes e da arbitragem afectos aos dois grandes da Capital que controlam, instrumentalizam, manipulam,etc...o futebol Nacional.
Entretanto aproveitaram os depoimentos duma desclassificada(drogada segundo o primeiro marido dela)sem credibilidade, para desviar e confundir a opinião pública atribuindo ao Jorge Nuno a responsabilidade pela corrupção no futebol!

Dragaoatento disse...

Outra questão/discussão que devemos todos os adeptos da ética desportiva reeditar/reactivar que é a que se refere ao facto da Final da Taça de Portugal se realizar sempre no Estádio do Jamor,por imposição duma minoria de pessoas(se considerarmos que na Capital vivem cerca de 2 milhões enquanto no resto do País vivem os restantes 8 milhões)um estádio sem as condições mínimas de segurança e conforto,depois de haverem tantos estádios novos excelentes para a prática do futebol! Este é um critério muito discutível e conveniente às gentes da Capital,em prejuizo (deshumano devido aos sacríficios pedidos aos que não residem lá)das populações do resto do País!
Pergunta-se porque não utilizar o critério da Champions League para a realização da final da taça?
Amigos que se deslocaram a Lisboa.Já repararam no sacrifício/maçada do transporte para Lisboa e na despesa que tiveram de fazer, enquantos os adeptos residentes em Lisboa jogam em casa confortavelmente instalados?
Está-me cá a cheirar que vai ser preciso fazer uma autentica revolução de pessoas e mentalidades para modificar este estado de coisas.
Para isso temos de fazer a parte que nos compete e que proponho que seja a de não deixarmos morrer este assunto, de manifestarmos a nossa indignação até à exaustão, enquanto se mantiver esta situação.

miguel87 disse...

Perdemos porque os nossos jogadores não foram melhores. Melhores que o Sporting, melhores que os erros do arbitro, melhores que a visão limitada de um treinador medroso e incapaz. Porque J.Paulo (apesar de um excelente central) não foi nem lateral nem central desequilibrando a equipa, porque Lucho não podia com um gato pelo rabo e jogou parado, porque Quaresma não se convence que está numa equipa com mais 10 jogadores, porque Mariano, por muito que se esforce e mostre serviço, só joga até o treinador achar por bem, porque Lisandro na única bola que recebeu não matou, porque a vontade e raça de Meireles não valem por 11, porque Emanuel é um fraco central que, apesar de toda a experiencia, não conseguiu antecipar-se ao Tíuíuí no lance do golo...enfim, porque não. Como sempre ouvi dizer: desculpas não se pedem, evitam-se. E o Porto, neste jogo, como em muitos outros decisivos nestas 2 últimas épocas, não evitou uma série delas.

Dragaoatento disse...

Olá a todos!
Depois de tanto meditar no assunto,cada vez me convenço mais que na situação actual, com Hermínio Loureiro a presidente da Liga de Clubes e Vitor Pereira a manda-chuva dos árbitros, será muito difícil ao FC Porto ganhar ao Sporting nos jogos em que eventualmente tenham de defrontar-se!
Preparem-se para na próxima época assistir, vão começar a notar-se os efeitos devidos ao facto destes dois dirigentes serem declaradamente afectos ao Sporting.

Dragaoatento disse...

Olá Dragões!

No meu www.dragaoatento.blogspot.com estou a tentar denunciar as manobras/efeitos ilícitos devido ao facto de actualmente serem homens afectos ao Sporting a ocupar lugares chave na Liga de Clubes.

Dragaoatento disse...

Compreendo a frustação do Miguel87,mas não posso estar totalmente d'acordo com o comentário dele.
É um facto indesmentível e comprovado na prática(há 50 anos que vivo o futebol do nosso clube com paixão)que em pequenos promenores os árbitros podem influenciar/enervar/desestabilizar/desconcentrar uma equipa, utilizando uma dualidade de critérios ostensiva, na aplicação, no julgamento, das faltas quer duma,quer da outra equipa.
Inicialmente compreendi a opção do Jesualdo pelo JPaulo(defende melhor do que o Lino),porque o Lino não é pròpriamente um jogador rápido,veloz. No entanto e dada maneira como o jogo estava a decorrer, antes do intervalo fui ao FC Porto-site e pedi para transmitirem ao Profe a minha sugestão de substituição do JPaulo,aliás está escrito no meu dragaoatento.Os acontecimentos acabaram por dar-me razão,deveria mesmo ter sido substituido.
Preconizei então, a saída do JPaulo e do Assunção,os quais seriam substituidos pelo Bolatti e pelo Kazmierczak,para dar mais força e capacidade de choque ao meio-campo.Disse mais, colocaria o Mariano a tapar a faixa lateral direita,é um jogador brioso/voluntarioso,auxiliado pelo seu compatriota Lucho,são argentinos, são solidários, entendem-se bem, e, desviaria o Fucile para o lado esquerdo.Estou convencido que esta solução já experimentada em Guimarães com sucesso,tería dado frutos.
O Jesualdo é um bom Técnico de futebol,muito experiente e sabedor.Quer-me parecer no entanto que hesita demasiado na altura em que é preciso tomar decisões, alterar a táctica inicial,inverter a tendencia do jogo.Acho que começa sempre bem os jogos com um bom plano "A",só que se por qualquer imponderável a coisa não resulta,na hora de decidir,talvez lhe falte um pouco mais de audácia, e,estar precavido também com um plano "B" e até um "C", para o que der e vier. Que é o mesmo que considerar,"homem prevenido vale por dois"!

Anónimo disse...

A resposta de Rui Santos

Cunhal Leal está indignado. Tem toda a razão para estar. Ele foi mandado para a Liga pelo presidente do Benfica para contrariar o poder do major. Convenhamos que é um grande azar, sobretudo quando quem o mandou para a Liga confessou, perante a estupefacção geral, que seria porventura mais importante ter alguém naquele organismo do que contratar bons jogadores.

O estigma não fui eu quem lho pus. Aceitou-o, porque sabe muito bem ao que foi e não se pode confessar enganado. Se não soubesse ao que ia e se cumprisse o seu dever de isenção, não teria autorizado a farsa que constituiu a marcação do Estoril-Benfica para o Algarve, na jornada 30 do campeonato de 2004-05, cujo desfecho foi decisivo para a atribuição do título nessa temporada.

A sua credibilidade morreu nesse momento. Quem consente um escândalo dessa natureza (embrulhado noutros escândalos da época), quem se cala perante uma situação potencialmente subversiva, inquinando a verdade desportiva, não tem um pingo de moral para vir falar agora, como especialista de coisa nenhuma, a não ser o de defender interesses de um só clube e de uma só cor, de qualquer tipo de regulamentos, numa clara manobra de visar o FC Porto.

As “criadas de servir” dos clubes são, também, na Liga ou na FPF, grandes responsáveis para o estado lamentável a que o futebol chegou. Em causa está apenas a “clubitização da justiça” – e percebo o incómodo que a temática causa para quem aplica os regulamentos apenas em certas condições de pressão e temperatura.

Outro grande azar foi Luís Filipe Vieira ter afirmado – já depois de Leal ter cumprido a missão para a qual tinha sido incumbido – que o Benfica porventura não deveria ter conquistado aquele título de campeão nacional. Realmente, é demasiado azar para quem tanto se esforçou para justificar o “investimento” num director e não em jogadores.

Azar e... falta de nível! É o mais vulgar quando não se tem poder de argumentação.

PS – O extraordinário desempenho como figurante no filme ‘Corrupção’ diz tudo sobre a pobre figura.

Record.pt

Dragaoatento disse...

Paulo! Também achas como o Miguel87 que é possível ter uma equipa à prova dos árbitros,e não só,que consiga superar todos os obstáculos? Diz da tua justiça!

Abraço
A.Monteiro

Dragaoatento disse...

Então Pessoal! Acabaram os comentários?! Gostaria de ler mais...

Abraço
www.dragaoatento.blogspot.com