15 de março de 2008

Mare Nostrum...

Aqui, já se sabe, as antevisões dos jogos são dissecadas, com mestria, pelo Bruno Rocha. Desta feita, o Leixões-Porto esmiuçado com argúcia, tendo até direito a, pasme-se, Lusíadas!

“Assim fomos abrindo aqueles mares,
Que geração alguma não abriu
As novas ilhas vendo e os novos ares,
Que o generoso Henrique descobriu;
De Mauritânia os montes e lugares,
Terra que Anteu num tempo possuiu,
Deixando à mão esquerda; que à direita
Não há certeza doutra, mas suspeita.”
“Lusíadas, Canto V.”

Camões, intemporal, dá a tónica ao plantel Azul e branco, para mais um desafio, Sábado no Estádio do Mar uma rivalidade centenária, apaixonada e cheia de história, ou não tivesse sido feita pelas gentes que trabalham o Mar.

Assim, como à mais de quinhentos anos, o maior ícone da poesia transcrevia para o papel as façanhas dos nossos Descobrimentos, também os Portistas têm escrito páginas de Glória sobre importantes vitórias e caminhos alcançados em Portugal, Europa e Mundo.

A visita portista aos Leixonenses, agora retornados aos velhos palcos mas já habituado às lides da nossa Liga principal, deve ser encarada como mais um trilho a abrir, ultrapassar com classe e olhar para trás com o sentimento de objectivo cumprido e vitória alcançada. Para que tal aconteça, e para que as ditas garrafas de champanhe não ameacem expirar o prazo de abertura e jorrem na festa do Tri, Jesulado afiança fazer alinhar na baliza o dono e senhor das redes Hélton, Fucile e Cech nas linhas defensivas, direita e esquerda respectivamente (confinado o aspecto da lesão de Bosingwa, algo que deixa os adeptos azuis apreensivos/pensativos, é já a terceira paragem por lesão, e sempre pelas mesmas razões, seria bom rever a arquitectura do treino físico-muscular deste expedito lateral). Pedro Emanuel e Bruno Alves completam o eixo do último reduto. No meio campo devido a opção forçada, Bollati, (facto curioso jogou a titular no Dragão frente a este mesmo opositor aquando da 1º volta), entra ao que tudo indica em detrimento de Paulo Assunção, por força do 5º amarelo, Raul Meireles e Lucho encerram as vagas do meio campo. Na frente de ataque Jesualdo não vai em grandes ondas, pelo que se mantém o trio de ataque habitual (não, não é o das terças feiras à noite, bom programa diga-se), Quaresma na esquerda, Tarik na direita bem comandados pelo homem do leme artilheiro, o timoneiro de serviço, Lisandro. O Professor agora também Mestre salienta que "A equipa do FC Porto não vai mudar. Será a mesma, já que não faz sentido mudar o rumo, a linha de funcionamento, porque queremos ser campeões o mais rapidamente possível".

Avisada que está do poderio ofensivo do bicampeão luso, a equipa Leixonense não vai querer permitir facilidades nem veleidades, a viverem dias conturbados, envoltos num mar de criticas, o Mar matosinhense anda revolto, originando mudanças no comando técnico e no afundar do antigo capitão, a jogarem perante o seu público mais que os 3 pontos em disputa que os catapultaria para águas mais calmas, estará também em jogo uma rivalidade que nem 100 anos esmorece. Os bebés de Matosinhos de certo não vivem do passado mas vão querer agarrar-se ás memórias para tentar vencer o FCP, ou não tivessem já conquistado em 1961, no velhinho Estádio da Antas, a única Taça de Portugal do seu palmarés.

Maré cheia no Olival com as mais recentes chamadas de Lucho e Lisandro à selecção alvi-celeste e com a propalada, mas mais que justa renovação de um dos do núcleo duro dos futuros tri-campeões, Paulo Assunção, apesar de ir ver o jogo na bancada, a sua fidelidade ao emblema de todos nós, mantêm-se intacta, pelo que a boa nova recomenda mais três anos. A prata da casa vale ouro, e quem quiser levar um destes meninos (Bruno Alves, Lucho, Lisandro, Quaresma, Raul Meireles e Paulo Assunção), terá que abrir os cordões à bolsa.

Nova Praia-mar de cores Azuis se espera ao largo de leixões, depois do Bessa são esperados cerca de três mil adeptos, um número que pode subir perto da hora do desafio, uma vez que ainda há bilhetes disponíveis para público em geral. A vaga azul representa uma clara demonstração de confiança e apoio incondicional na revalidação do título nacional. Prevê-se ainda assim ligeira maioria de leixonenses nas bancadas, ainda que se saiba que entre a família do emblema de Matosinhos há muitos corações a palpitar pelo Dragão não sendo raros os casos de dupla filiação. Seja como for, o FC Porto sentirá o frio Atlântico em casa do seu anfitrião mas terá no calor de três mil fiéis adeptos combustível suficiente para mostrar o fogo do Dragão.

Bruno Rocha

1 comentário:

dragao vila pouca disse...

Este sim é um verdadeiro homem da escrita.
Esperemos que o Dragão consiga ultrapassar as vagas alterosas( o Mar está bravo)e chegar a bom Porto.
Um abraço