Às quintas-feiras, já se sabe, é o dia santo dos cinéfilos. Dia de estréias cinematográficas, o dia 1 de Novembro desde à muito tempo que estava marcado no calendário de alguns. Com direito a bolinha vermelha e tudo, para assinalar convenientemente a data.
A data marca o mais acérrimo ataque alguma vez feito, nesta novel democracia, a alguém. O filme "Corrupção", engendrado meses a fio por uma mistura de mesquinhos e gente psicótica, não é mais do que o linchamento em praça pública de uma personagem. Difere apenas das levadas a cabo em países retrógados pela ausência de sangue, porque o resto está lá: a multidão ululante, sedenta da humilhação de outrém, o cadafalso, substituído pela mais inócua arma do celulóide e o sentimento de vingança.
Armazenado anos a fio, em estômagos sensíveis, alimentado por derrotas perturbadoras e vitórias do rival do Norte, a vingança foi sendo cozinhada em lume brando, aguardando, serena e pacientemente, pela oportunidade de ouro. Ela surgiu, com os aliados inesperados a romperem intempestivamente de onde menos esperavam: da Justiça.
Essa mesmo, a que devia ser cega e surda, imune a pressões, concedeu o beneplácito para que se avançasse com a fantochada mediática. Elegeu-se, como nos bons filmes "noirs" americanos, a figura da bela arrependida, que depois da quarentena aparece quase como uma impoluta virgem alvo de sevícias. A partir daí, nem mesmo Kafka e a sua mente delirante fariam melhor. Surgiu um livro, escrito a várias mãos, cheio de acrescentos e congeminado por cabeças vetustas, que foi aproveitado pela já famosa e caricaturada paladina. A palavra da arrependida, tão célere a deslizar por varões de inox num qualquer antro de strip como a apontar o dedo aos pretensos males do futebol luso, fez lei. Dela quer-se fazer jurisprudência. Em vão, na minha opinião, tal o descrédito que começa a destapar o manto de iniquidade e compadrios com que tudo é cozinhado.
Também eu resolvi, hoje, comemorar a data. Com uma estréia. Gratuitamente, esbocei um argumento para a sequela do "Corrupção". Só preciso de um mecenas e um realizador. Prometo que não interfiro na realização. Quem quiser ler o "Ele, o Presidente", terá brevemente aqui o link para o download. Até lá, pode ir ao Bibó Porto e descarregar a obra...
6 comentários:
Eis o que afirmou Luís Lourenço no Bonfim: "O Benfica tem dois meses de salários em atraso e o Vitória, com todas as suas dificuldades, já tem o ordenado de Outubro pago. A comunicação social tem medo de falar do Benfica."
Será o "Colonialismo Centralista" de que fala Girão Pereira ?!
Paulo,
Já descarreguei o livro e tou sem palavras. FABULOSO é o mínimo k posso dizer. É uma grande réplica a essa fantochada.
Os meus sinceros parabéns,
Paulo, desta rebentaste a escala:)
Uma resposta imediata, com direito a KO.
Já sei o que vou dar no Natal a alguns amigos meus:)
Paulo Pereira :
Há , por aí , muita coisa publicada que não chega aos calcanhares desta tua obra ficcionada .
PARABÉNS !
O Paulo revela ser um escritor em potência.
O texto está muito bem escrito e merece ser tratado em filme.
Mas meu caro, lamento informar, tal desiderato está condenado ao fracasso.
Neste país de medíocres faltam-te alguns defeitos para seres considerado.
Não és alternadeira! Não és toxicodependente! Não és ignorante! E o maior dos defeitos, não és lampião!
Com todos estes defeitos como podes aspirar à passadeira vermelha, à mediatização e ao endeusamento?
Gostei! Está curto mas incisivo! Merece divulgação.
Parabéns.
dragãopentacampeão :
Comentário corrosivo , o teu !
Não iria tão longe como tu .
De facto , ser lampião não é defeito .
É desgraça !
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