Nisto das coisas da bola, o tempo vai-nos refinando. Aprendi, com o passar dos dias, a esperar pacientemente, em vez de embarcar numa sucessão de impropérios, motivado pela torrente de emoções que uma mera partida de futebol nos faz viver. Após o Académica-Porto, no rescaldo do jogo, preferi colocar uma música suave a debitar nas colunas de som, munir-me de um bom scotch irlandês e refastelar-me no sofá, sorvendo lentamente o néctar dos deuses...
Fechei os olhos, recuando no tempo, um exercício muitas vezes praticado. Imaginei aquele corpo franzino, que parecia desfazer-se ao mínimo toque do adversário. A camisola adorada, com as majestosas listas verticais azuis e brancas, enorme, abanando ao vento, enquanto ele corria, endiabrado, com a bola colada nos pés. É assim que imagino Domingos. Um menino traquinas, de sorriso maroto, olhos brilhando de alegria, a bola de couro como objecto mágico de adoração. Fez-me bem este regresso ao passado. Ou isso, ou o whisky era portentoso. Levantei-me bem disposto, aliviado daquela bílis que as declarações do agora treinador da briosa me tinham provocado...
Por partes. O facto de alguém, alguma vez, ter tido a sorte de envergar a camisola mítica, não lhe retira o direito de contestar o que quer que seja. Mas, esse simples envergar do manto sagrado do Dragão, confere uma irredutível responsabilidade para a vida futura. Se os caminhos se cruzarem, numa daquelas irónicas partidas do destino, o mínimo que se espera, numa situação dessas, é que o adversário de agora seja justo na apreciação que faz. Apenas isso. E Domingos não foi. Este ano. Na época passada. Uma vez ainda se desculpa, duas vezes começam a parecer mais do que coincidências. Parecem sinónimo de rancor. E esse, quando devotado de forma tão incontinente, não é desculpável.
Nunca nutri grande simpatia pelas qualidades de Mister de Domingos. Habituei-me a ver as equipas por si treinadas [felizmente poucas, até ao momento] a defenderem irredutivelmente, como se disso dependesse o futuro da humanidade. Estranho que um avançado, de créditos firmados, com um engodo especial pela baliza alheia se transfigure num estereotipo banal do treinador provinciano. Desses, basta-nos Jaime Pacheco, que até é um produto genuíno. A imagem estudada ao pormenor, o verniz laboriosamente colocado num discurso repleto de lugares comuns, aproximam-no da actual [e esgotada] fórmula do treinador moderno, de vistas largas. Domingos não convence ninguém. Nem a ele próprio, estou convicto. O discurso venenoso, no final da partida frente aos Dragões, cheio de mensagens subliminares sobre a arbitragem, é desproporcionado. Esperava isso de muita gente. Não de um dos nossos.
Domingos mostrou, dessa forma, de que massa é feito. Metade burgesso [não confundam com a nulidade dos rosinhas], metade intelectual e metade moralista. E, como todas as coisas que partilham a infelicidade de serem decompostas em três metades, Domingos, no Domingo, mostrou exactamente aquilo que é: uma perfeita aberração!
15 comentários:
Paulo, gosto de te ler, mas acho que foste demasiado duro. Afinal, como dizes, Domingos é um dos nossos e as afirmações dele, no final da partida, têm a ver com a tensão normal de um jogo de futebol.
Abraço,
Tiago, respeito a tua opinião, mas não retiro uma vírgula sequer ao que escrevi. Domingos ERA um dos nossos. Pretérito perfeito. Tinha duas hipóteses: ser justo ou não ser justo, na análise ao jogo. Optou pela 2ª. Fez mal. Dele, por já ter passado por esta casa, esperava-se mais. O que ele fez, lançando o labéu da suspeita sobre a arbitragem, nestes tempos de trevas em que vivemos, em que qualquer coisinha é aproveitada para nos achincalhar, foi demasiado baixo. Por isso, volto a reafirmá-lo: ele entrou para o circo das aberrações!
Venerar, só mesmo o clube e tudo o que ele representa. Sigo e gosto de ver o sucesso daqueles que saem a bem de nossa casa, mas esse cordão umbilical é logo cortado quando se armam em espertos. Para mim, que não sou dado a essas merdas do politicamente correcto, quero mesmo é que ele se FODA!
Abraço,
Amigo Paulo, vou aprendendo a conhecer-te e vejo k nao perdoas uma..Pois eu cá posso ficar aziago com algumas declaracoes dakeles k ja foram nossos e k depois por obra do destino se veem obrigados a cruzar-se no nosso caminho..Havia falado disso aquando da nossa visita a BRaga e ao encontro com o Bicho, nao gostei nao foi justo, mas fez aparte dele defendeu akeles k lhe pagam, Domingos nem foi bem no mesmo caminho, nao tera ocultado tudo em favor das cores k tb sao suas e disso nao tenho duvidas..So falta dizeres k kd jogam contra nós devem abrir as pernas????!!!!
É bem melhor que recordes Domingos como o recordaste a par do teu Scotch..kuanto aos meritos como treinador eu ca reconheco-lhe algum valor basta ver o trabalho no leiria ate a data ainda ninguem k lhe segui fez melhor..Domingos esta a comecar tera mto para aprender certo k sim, nao sera um special one, mas tb nem tanto ao mar nem tanto a terra...Nem se trata de ser politicamente correcto para com akeles k tantas alegrias nos deram, trata-se apenas de perceber a posicao em k ficam se fizerem algo k os prejudique perante socios adeptos simpatizantes das cores k lhe pagam..Tal como nao gostas de o ser ele tem de o ser muito menos...Direciona la as tuas azias e intencoes redutoras para os nossos verdadeiros inimigos....Com o passar dos anos vai sendo tempo de ganhar um pouco mais de poder de encaixe..vide o mourinho!!!!
Nao podem existir 3 metades... metade e cada uma de duas partes iguais. 3 partes, isso sim :-)
De resto, concordo com o que disseste a respeito do Domingos. Falta-lhe humildade e respeito.
Abraco.
GM,
Obrigado pela correcção, mas não existe engano. O título foi propositado, pois pretendia apenas demonstrar k, tal como as coisas existentes constituidas por 3 metades, aquilo k o Domingos disse é uma aberração.
Abraço,
Paulo tens as palas demasiado cerradas, concordo com o bruno quaando diz k n devemos ser politicamente correctos com akeles que ja defenderam as nossas cores, as si realistas e saber reconhecer as coisas. pk ou somos profissionais ou n somos,e na vida temos de nos reger por valores, e por muito k gostemos da "casa mae" n é ela que nos faz viver a vida inteira, dá-nos as bases e dps seguimos os nosso caminhos. pk agr tem podes ter o outro lado da moeda, pk cores inimigas podem dixer: se ele é assim, foi pk o aprendeu no fcp.. ele n nos desrespeitou, ele apenas defende kem lhe paga e quem lhe dá trabalho para sobreviver, se calhar o proprio porto nao lhe abriu tto assim as portas e as nossos agredecimentos para com os seus feitos nao foram assim tao bons. Será caso para dixer: Se tiveres um filho do SLB ou do SCP, por muito k lhe incutas agr o bixo do FCP, vais gostas menos dele que gostas dos outros k sao do teu clube do coraçao? penso que nao, logo és racional e n t deixas levar pela emoçao, foi apenas o que domingos fez.
Boas Dragão,
Começando pelo fim: não tenho filhos com mau gosto clubista. E essa hipótese nem pode ser considerada sequer académica. Ambos os meus rebentos são do Porto!
Quanto ao resto, acho k tanto tu como o Bruno não devem ter percebido bem o meu comentário. Está lá, bem frisado aliás, que não me importo que os nossos ex-jogadores tenham vida própria e que, qd a vida profissional deles se cruza com a do FCP, eles defendam a sua entidade patronal. O que está em causa é a forma como eles o fazem. Como o Domingos, numa conferência de imprensa, a tentar justificar a derrota com o estafado tema da arbitragem. Convenhamos: o penalty foi claríssimo. E, se o Domingos achava injusta a derrota, utilizava qualquer outro argumento, mas nunca esse, sobretudo pk sabia k não estava a ser correcto. Foi contra isso k me insurgi no artigo. Espero ataques desses dos nossos habituais detractores, mas nunca de quem já pelo Porto passou.
Repito novamente, não retiro uma vírgula ao que disse. Não sou adorador de falsos ídolos, nem daqueles k visivelmete têm pés de barro. A minha veneração vai sempre para o FCP. Respeito todos os k defenderam a causa portista, mas apenas se eles se respeitarem a si próprios. Não foi o caso.
Abraço,
O Domingos j� deve ter percebido - ou ent�o algu�m lhe disse - que n�o ser� treinador do FCP nos tempos mais pr�ximos, e vai dai meteu-se a afagar as costas daqueles que o criticaram por n�o festejar o golo de Leiria da �poca passada...
Triste Domingos que n�o sabes o que fazes nem o que dizes. Vai na conversa dos c�es que ladram ao passar da caravana e ser�s treinador de cemit�rios � moda da "Luz". A c�r negra da Briosa j� pode querer dizer alguma coisa quanto ao seu futuro como "destreinador".
Mas enfim, vou dar o desconto, porque qualquer ser humano tem direito � sua momentanea diarreia. Ainda que neste caso tenha sido literalmente mental...
Abra�o
és mesmo bruto, pá! deixa o gajo sossegado:)
Visitem http://orgulhotripeiro.blogspot.com/ se quiserem, ponham link..
Nunca somos de mais!
(desculpem, mas nao arranjei outra forma de comunicar)
Bem vindo...
Nunca somos demais, mesmo.
Qt ao link, já lá mora!
entendo a tua critica, mas se ele não dissesse aquilo iam acusa-lo de não querer chatear o antigo clube, no fundo não me fez mossa dentro do nosso contexto futebolistico..
Boas Amorim,
O problema não é o Domingos defender ou não a sua actual entidade patronal. O problema é ele ter colocado a tónica do discurso na arbitragem, como se tivesse sido esta a impedir a vitória dos academistas. Mais a mais, se o penalty fosse duvidoso, ainda tolerava k ele se sentisse lesado, mas assim, tão claro...
Cumps,
Paulo estou contigo na crítica ao Domingos.
Não se pede a ninguém que não faça comentários mesmo que sejam negativos, pelo facto de ter sido atleta do nosso clube.
Não é isso que está em causa.
Mas desvirtuar o que se passou da forma como Domingos o fez, só demonstra falta de carácter. E se essa falta é grave em qualquer um, num dos que já foi nosso é muito pior.
Por isso Paulo, o Domingos que vá aprender a ser Homem!
Eh eh eh ! De facto o gajo podia ter feito como na época passada... "Ah e tal... não vi, estava a olhar para o relvado..."; Enfim, o tipo aprendeu a ser fundamentalista e a ver as jogadas sempre para o lado que lhe convém melhor... e como trabalha para a académica, viu para o lado da briosa! Não o podem criticar por ter sido bem ensinado... Tentou justificar o injustificável, é certo... mas nisso, não terá sido o primeiro, nem será o ultimo certamente. Quanto a ter ou não qualidade como treinador... eu sinceramente também não gosto muito dele, mas efectivamente na época passada até fez 1 bom trabalho em Leiria.
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