1 de fevereiro de 2009

Serviço encomendado e o manguito de Jesualdo

Duarte Gomes e o seu fiscal-de-linha predilecto levavam a lição bem estudada. Três jogadores do Porto com 4 amarelos. Uma imprensa a suspirar, durante a semana, pelo 5º. Hulk, Fucile e Lisandro. Apontados, a lápis, num papelzinho rasca, de cor branca, enfiado à socapa no bolso do equipamento do juiz de linha.

Nem seria preciso tal cuidado. Aposto que, durante a semana, e como bons profissionais, o trio de arbitragem laboriosamente decorou o nome dos alvos a abater.

A oportunidade surgiu, no desenrolar da partida, numa das incursões atacantes do lateral direito portista. Fucile, sempre lesto no apoio ao ataque, perdeu a bola. Procurava recuperar rapidamente o seu posto, na guarda das redes portistas, quando o esférico, despachado pelo adversário, lhe bateu na mão. A imagem não mostra, mas era capaz de apostar que Duarte Gomes sorriu, de contentamento, diligente e pressuroso para agradar ao mandante da encomenda.

O amarelo, mostrado de forma exuberante, alegrou a turba, um pouco por todo o lado. E lá iam eles, acompanhando as incidências da partida, esperançosos que Hulk fosse o próximo.

Mas Jesualdo, de forma subtil mas nem por isso menos dolorosa, sodomizou-os. Como se diz na gíria, "deixou-os pousar". E quando Lisandro, entrado momentos antes, mostrando também que o Porto não se verga ao medo das diatribes da gentalha que pulula no sistema, ofereceu o golo de bandeja ao compatriota Lucho, a estratégia, digna de grande mestre do xadrez, revelou-se.

Lançamento de linha lateral, o uruguaio a demorar uma eternidade, forçando claramente a expulsão, por duplo amarelo. E o manguito, a todos que sorriam pela sua ausência no clássico da próxima jornada, foi dado. Em todo o seu esplendor. Se o castigo do 5º amarelo teria que ser, forçosamente, cumprido no campeonato, a expulsão tem efeitos imediatos. E assim, paulatinamente, se vai contrapondo aos roubos a mais elementar justiça.

ps: Fomos roubados. Ponto. Golo falso, irregular, do Belenenses, relançando uma partida moribunda. Admoestação a Fucile escandalosamente inventada. E, aposto, o tema de conversa recorrente durante a próxima semana será a...ética desportiva.Vai uma aposta que ainda vamos ler Delgados e Cartaxanas a escreverem, raivosamente, sobre a verdade desportiva?

Sem comentários: