29 de abril de 2008

Uma mão...que não embala o Berço!

A visão do jogo de Guimarães, pela pena do inevitável Bruno Rocha, com direito a título cinéfilo e tudo...

" E tudo o Dragão conquistou…poderia até começar assim o esmiuçar da partida no Afonso Henriques, já lá vamos. Um Porto em versão económica, atiravam uns, Dragão beneplácito clamavam outros, Azul sério defendia em alto som o líder dos Dragões.

Imprevisível, depois da semana especulativa e da Ode a santa aliança entre Vimaranenses e Dragões, este FCPorto foi um hino a seriedade, uma prova cabal do profissionalismo que habita a génese das cores campeãs nacionais.

Imbuídos da mentalidade e da seriedade competitiva, Jesualdo apresentou uma equipa onde não abrindo mão da matriz de jogo Azul e branca passeou classe e os números ate podiam ser outros. Sem 4 dos habituais titulares e onde todos os sectores foram tocados pela teoria da rotatividade, assistiu-se a uns 45m iniciais foram incipientes sem gosto pelo risco onde, entraram melhor os Portistas, prontamente postos em sentido com a boa resposta dos comandados de Cajuda, maior domínio das acções do jogo, mais posse de bola, mais cantos conquistados, maior nota de perigo em lances junto a área de Helton, ainda que sempre debaixo do domínio consentido por parte dos da cidade invicta.

Efervesciam as bancadas, os vitorianos tentavam lançar mão das suas habituais manobras ofensivas com Alan elevado a expoente máximo do futebol dos da cidade berço, Ghilas a tentar usar da sua criatividade para irromper no último reduto dos forasteiros e onde Miljan era o farol dos cruzamentos, vivia deste expediente a equipa anfitriã para sobressaltar os pupilos de Jesualdo.

Com Bruno Alves a capitanear e a ser o ancoradouro de toda a manobra do futebol azul e branco, emancipava-se outra figura por esta altura no jogo, Mariano Gonzalez, corria e fazia da abnegação o espelho da exibição portista…trabalho era a palavra de ordem, com Lisandro sempre no seu tom, pertencia-lhe o único remate digno desse nome no 1º tempo a baliza de Nilson. Com a defensiva azul a chegar para as encomendas, apesar de alguns erros de apreciação e abordagem aos lances por parte de Stepanov, o que mais se notava era o jogo pastoso e parco em transições onde Bollati não fazia esquecer Lucho nem dava margem de manobra a Raúl Meireles, disso se ressentindo o poder de fogo e ofensividade do futebol portista.

Ao intervalo o nulo era uma espécie de pacto de não agressão mas que servia apenas interesses terceiros, os da casa não aceleravam, tímidos e previsíveis sem assumir o jogo e sem grandes riscos jogavam com sentido no golo. O mister dos Tricampeões no regresso dos balneários voltava a mexer no sector intermediário conferindo agora novo figurino ao tridente, explanava-se agora no relvado um 4*4*2 com Quaresma aparecer mais solto na frente de ataque em cunha com Licha Lopez, dava sinais de poder explodir para um grande fim de tarde, Lino continuava a obstar as subidas de Andrezinho e seus pares, Desmarets procurava o remate de longe, mas era agora o Porto a muscular forças no meio campo com Kaz a dar também centímetros ao espaço aéreo.

Bola cá, ataque lá, e foi pelo espaço aéreo que o Castelo começou a ruir, falta cobrada na direito do ataque azul e branco com Bruno Alves aparecer e antecipar-se no 1º poste ao seu marcador directo e a conferir o 1 tento. Murro no estômago dos milhares de adeptos dos da casa, a primeira batalha estava ganha, mas estava longe o fim da guerra para com a falta de respeito, não sucumbiram as vozes vitorianas emanadas das bancadas, mas era agora mais gélida a torrente de apoio ao invés aquecia a luta pelo 2º lugar milionário. O FCPorto assenhoreava-se do jogo e começava a desferir estocadas de morte na muralha vimaranense e quando Harry Potter se desenvencilhou na esquerda e bateu em arco ao poste mais distante fazendo o 2º golo portista, uma preciosidade só ao alcance dos predestinados, golo digno dos compêndios da bola bem ao jeito do seu autor, ninguém percebeu que a derrocada estava iminente. Quaresma abriu o livro, estava endiabrado, egoísta como é seu timbre puxava a si as despesas de finalização e bisava na partida ficava demonstrada a crença nas suas virtudes, (enorme a disponibilidade física e roubo de bola de Mariano no inicio do lance).

O técnico dos conquistadores com 20m para o final não atirou a toalha ao chão, abriu o jogo aos flancos retirou unidades da zona tampão do seu futebol, mas as oportunidades seguiam-se em catadupa na baliza de Nilson que por esta altura era um gigante obstando ao avolumar do placard, as restantes trocas fizeram perigar ainda mais o parco balanço defensivo vimaranense Já com Adriano em campo por troca com o artilheiro das pampas passava o Brasileiro a ser o aríete apontado as redes, ameaçou por 2 vezes assistiu de calcanhar Farias para o 4 golo portista e viria a ter o retorno da benesse com a inversão de papéis, recolhendo um passe açucarado e conferindo o encerrar da contenda com o seu 1º golo no campeonato e o 5 nas contas finais.

Para quem pensava na retórica de “Vamos todos dar as Mãos” bem ao jeito das canções de intervenção de um Abril revolucionário, pois bem os Dragões não foram em cantigas e aplicaram chapa 5 que tem apenas o condão de embalar os ensejos e ambições dos rivais da capital pelo acesso a liga milionária. No dia em que jogaram líder e vice-líder ficou a insofismável certeza quando alguém pede uma mão este campeão é de mão cheia, depois da meia dúzia que carimbaram a certeza do Tri, um golo por cada ponto que nos ameaçam retirar no âmbito do Apito Dourado, desta feita um golo por cada dedo da mão que outros temiam ser a mão que embalaria os de Guimarães para uma Europa.

Deste jogo ficam ainda alguns aspectos prementes e dignos de realce, Helton parece caminhar de encontro as melhores exibições, hoje foi gigante e respondeu com competência, assinando alguns momentos de grande valia na defesa das suas redes. Mariano Gonzalez, o Presidente Azul e branco apareceu esta semana a terreiro falando na possibilidade de compra do passe do Argentino, sem ter provado ainda tudo aquilo de quem vem rotulado, parece-me que a sua polivalência, alicerçada numa pré-época de Dragão ao peito e ainda nos vai dar um jeitaço, hoje foi um dos melhores em campo, espero só que não esteja a jogar para o contrato. Lino aquele que pensei ir ser o elo mais fraco na partida de hoje, cotou-se em bom plano tendo ainda tempo para cobrar a falta que esta na origem do 1º golo, pendular a defender participou a preceito em algumas manobras ofensivas do ataque portista.

Pela negativa Bollati e Stepanov, o primeiro nem foi carne nem foi peixe, passou pelo jogo tal e qual o jogo passou por ele, depois de vir rotulado de craque e apesar das poucas oportunidade prefiro Paulo Assunção só com uma perna que este Argentino com as duas, o Sérvio alterna o poder físico e jogo aéreo com entradas a destempo e de pouca construção, fazia-lhe bem ver uns vídeos de Bruno Alves transformado aos dias de hoje num central de excelência internacional. Quem sabe Jesualdo não o transformará num grande activo da SAD portista, mas de momento não me convence, dará um bom par de jarras com Rolando."

Bruno Rocha

3 comentários:

Anónimo disse...

As vezes a má-fé de algumas pessoas levam-nas a cometer enormes injustiças. O FCP venceu e muitíssimo bem o Vitória por 5-0, caso tivesse jogado com a mesma determinação e profissionalismo e tivesse perdido, quem duvida que a má-língua hoje estaria a dizer do FCP e dos seus profissionais, pelo facto de ter (no seu legitimo direito) optado por fazer descansar alguns titulares? Quem se lembraria de responsabilizar os seus clubes por ter ficado dependente do que o FCP fizesse nesse jogo?

Anónimo disse...

Para uma equipa sem nada a ganhar com este jogo e que consegue uma exibição e resultado destes em casa do 2º classificado e com metade dos titulares a descansar, é OBRA. ENORME demonstração de CLASSE e PROFISSIONALISMO dos atletas do FCP!!! EXCELENTE TRABALHO a nivel PSICOLÓGICO que tem sido desenvolvido pelo JESUALDO FERREIRA, não podemos escamotear a verdade, conseguir MANTER ESTE NIVEL DE COMPETITIVIDADE numa equipa sem nada a ganhar nesta liga É OBRA! Por isso somos TRI-CAMPEÕES NACIONAIS!!

dragao vila pouca disse...

Uma crónica excelente e que espelha bem o antes, durante e fim do jogo.
Apenas não concordo com a analise ao Bolatti e muito menos ao Stepanov.
Bolatti: quando jogou no seu lugar- após a saida de Assunção- mostrou qualidade.
Stepanov:apenas uma ligeira exitação. Ver os videos do B.Alves?!Quais os de agora ou os do passado em que quase todos o queriam ver pelas costas?
Um abraço